15 de janeiro de 2020 . 18:34

Valorização da Justiça do Trabalho é destaque no Fórum Gestão Judiciária

O 10° Fórum Gestão Judiciária teve início na manhã desta quarta-feira (15), na sede do TRT-1. O evento reuniu juízes e desembargadores para discutirem, em diferentes atividades, questões relacionadas ao cotidiano dos magistrados e ao atual cenário da Justiça do Trabalho. O Fórum é organizado pela Escola Judicial e vai até a tarde de sexta-feira (17).

Ao participar da mesa de abertura, o presidente da AMATRA1, Flávio Alves Pereira, falou sobre as dificuldades enfrentadas pela classe nos últimos tempos, como as ameaças à Justiça do Trabalho, crises orçamentárias e quadro de restrições, modificações nas legislações protetivas do trabalho e inovações tecnológicas na área da prestação de serviços. “Não temos uma tarefa fácil neste Fórum e nem nos anos vindouros”, disse.

“Como magistrados, estamos empenhados em efetivar a melhor prestação jurisdicional e devemos receber, especialmente da nossa administração, o mais amplo respeito e reconhecimento da nossa independência funcional, assim entendida no campo jurisdicional e de gestão das varas do Trabalho em que atuamos, sem o que não sobrevive o Estado Democrático de Direito. Esperemos que possamos vivenciar um país mais harmônico, democrático e sensível às necessidades de saúdes, trabalho, educação, Justiça, cultura, moradia e tudo o mais que houver de bom para todos os cidadãos”, finalizou Flávio.

Leia mais: Centro Cultural do TRT-1 inaugura exposição de pinturas nesta sexta (17)
Confira os convênios da AMATRA1 com benefícios para associados
Serviço judiciário não é interrompido no Brasil, diz Noemia Porto no ConJur

O presidente do Regional Fluminense, José da Fonseca Martins Junior, destacou a importância do evento. “O Fórum sempre discute questões relevantes e já faz parte da história do nosso Tribunal. O TRT-1 continua vivo e pujante. Nossa função é resistir e impedir que essa tentativa de desmonte da Justiça do Trabalho venha a se realizar”, afirmou.

O desembargador Gustavo Tadeu Alkmim, vice-diretor da Escola Judicial, ressaltou a tentativa de inferiorizar a Justiça do Trabalho novamente — fato revertido, em parte, pela atuação dos movimentos associativos.   

“Não devemos aceitar essa condição, já que isso apequena a Justiça do Trabalho. Lidamos com trabalhadores com orgulho, sim, porque é isso que distingue a Justiça trabalhista. Precisamos nos reinventar e reconstruir, criar espaços como esse Fórum, que possam ser de convívio e fórmulas criativas, lúdicas e produtivas para pensarmos em soluções”, disse Alkmim.

Leitura dramática e palestra sobre lei da causa e efeito iniciaram atividades

A primeira atividade do 10° Fórum Gestão Judiciária foi uma leitura dramática da peça “A farsa do advogado Pathelin”. Cinco atores da companhia Servidores em Cena interpretaram a história do advogado que aplica um golpe em um comerciante, mas acaba sendo vítima da “esperteza” de outra pessoa.

Atores interpretaram leitura dramática da peça 'A farsa do advogado Pathelin'

“O texto foi escrito na época medieval, mas os costumes continuam os mesmo — os honestos e desonestos permanecem da mesma forma. Hoje em dia, discute-se muito a ética, que não é um conceito novo. A ética sempre existiu, embora não fosse tão evidente”, disse a diretora da apresentação, Ewa Korsak.

Na sequência, magistrados participaram da palestra "Lei de causa e efeito", ministrada pelo professor de Filosofia Alexandre Marques Cabral. De forma descontraída, ele abordou as noções de causalidade, previsibilidade e imprevisibilidade da vida humana, e indicou os perigos do senso comum sobre o aspecto de proporcionalidade dos acontecimentos — uma ação sendo explicada proporcionalmente por uma ação anterior.

Alexandre Marques Cabral, professor de Filosofia, palestrou sobre a lei de causa e efeito

“Pautar a vida por essa suposta lei é acreditar que a realidade é regida pela previsibilidade plena. Mas, na maior parte das vezes, nossas experiências são orientadas pelo inusitado e imprevisível. O objetivo é refletirmos sobre a ordem da responsabilidade, que pressupõe o risco, o descontrole e o inesperado”, explicou Alexandre. < VOLTAR