Paródias de músicas conhecidas foram apresentadas pelos alunos da Escola Municipal Margarida Trindade de Deus, em Araruama, Região dos Lagos do Rio de Janeiro, para ilustrar o conteúdo aprendido no Programa Trabalho, Justiça e Cidadania (TJC). Nesta segunda-feira (18), a turma participou da última etapa do TJC de forma virtual. Temas como a relação entre empregados e empregadores, trabalho escravo e infantil e o papel da Justiça na efetivação dos direitos dos cidadãos foram abordados com muita criatividade pelos estudantes na culminância.
Participaram do evento telepresencial o presidente da AMATRA1, Flávio Alves; a coordenadora do TJC no Rio, Benimar Medeiros; a procuradora do Trabalho Maria Vitória Sussekind Rocha; a secretária municipal de Educação de Araruama, Luiza Cristina da Silva Vianna; e a vice-diretora da escola, Ester Sabino da Silva. A diretora da AMATRA1 Áurea Sampaio, que participou de outras duas etapas do Programa – a de palestras aos alunos e a de visitação às varas de Trabalho – também acompanhou as apresentações.
“É um prazer participar deste momento do Programa TJC, em que a Anamatra e as Amatras proporcionam o contato com a população escolar para levar a ideia do Direito do Trabalho. Como todo direito que conquistamos até hoje, precisamos trabalhar para mantê-lo, e isso só é possível quando conhecemos e conseguimos enxergar a importância desse direito”, afirmou Flávio Alves.

Na próxima sexta-feira (22), às 9h, será a vez dos alunos da Escola Municipal André Gomes dos Santos, também de Araruama, apresentarem criativamente os conteúdos aprendidos no TJC. O evento terá transmissão pelo Google Meet. Clique aqui para acessar a plataforma.
Alunos fizeram paródias de quatro músicas
“Trabalhou, vai receber”, paródia da abertura do programa do Silvio Santos iniciou a culminância. A canção enfatiza a necessidade de efetuar o pagamento dos trabalhadores e o papel da Justiça do Trabalho para garantir esse direito. Na sequência, a turma simulou um programa de auditório apresentado pelo professor Marcos José Ferrarez de Mello, em que eram feitas perguntas sobre o mundo do trabalho, como características da aprendizagem profissional.
Os alunos cantaram a música “Tem que respeitar”, paródia de “Quero Te Encontrar”, de Claudinho e Buchecha, pontuando a necessidade de garantir os direitos dos trabalhadores que se dedicam diariamente. Já na música “Trabalhou tem que pagar”, versão de “Esperando na Janela”, de Gilberto Gil, contaram a história de um homem que foi enganado pelo empregador e acabou sendo vítima do trabalho escravo contemporâneo.

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Encerrando as apresentações, os estudantes cantaram “Poder sonhar”, paródia da canção “Minha vez”, de Ton Carfi e Livinho. A música faz um apelo para que os direitos de crianças e adolescentes, como o acesso à educação, ao lazer, à dignidade e atenção, sejam respeitados. Eles também entoaram o grito “alô, meu Brasil. Vamos acabar com o trabalho infantil”.
“Trocamos muitas ideias em sala de aula a partir da apresentação da Cartilha, falamos das nossas experiências e construímos essas mensagens que, na verdade, queremos que sejam espalhadas e nos tragam frutos”, afirmou o professor Marcos, que leciona na E.M Margarida há 10 anos.
A juíza aposentada Benimar Medeiros, diretora da AMATRA1 que coordena o TJC no estado, destacou ser sempre emocionante participar das culminâncias, embora de forma telepresencial neste ano. “Sabemos as dificuldades que as escolas têm enfrentado para levar adiante o ensino neste período de pandemia. Parabéns a todos por conseguirem realizar a educação apesar das dificuldades e de todos os obstáculos, que são ainda maiores na presente crise, mas sempre existem. Deixo registrada a admiração e a minha gratidão a todos os participantes.”

Parceira do Programa, a procuradora do Trabalho Vitória Sussekind também se emocionou com as apresentações, e ressaltou a importância dos professores não só para o sucesso do TJC, mas também para o combate ao trabalho infantil. “Os professores nos ajudam muito, nos dão orientações, inclusive para conseguirmos identificar as crianças que estão trabalhando”, disse.
A secretária municipal de Educação, Luiza Cristina da Silva Vianna falou sobre a parceria das instituições e agradeceu pelo trabalho desenvolvido com os estudantes da cidade. “Começamos com duas unidades escolares, mas queremos que seja expandido porque o resultado com os alunos está sendo maravilhoso. Tem acrescentado muito ao conhecimento dos estudantes, que estão tendo contato com essa questão do trabalho, muito importante para todos nós.”
A vice-diretora da escola, Ester Sabino da Silva, falou sobre a evolução do Programa TJC no decorrer do ano. “Somos muito gratos ao projeto. A princípio, ficamos um pouco preocupados devido à correria do dia a dia, nossa escola tem muitos alunos e muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo. Mas, com o desenrolar do Programa, vemos o projeto se realizando e alcançando patamares muito maiores do que imaginávamos. Tenho certeza que os alunos serão sementes desse projeto em nossa comunidade”, afirmou Ester.

O Programa TJC é uma iniciativa da Anamatra, colocada em prática regionalmente pelas Amatras desde 2004. O objetivo é levar noções de cidadania, ética e direitos básicos às escolas públicas no país. Nesta edição, em razão da pandemia, precisou ser realizado à distância. Ao todo, 240 estudantes de duas unidades educacionais foram contemplados pela ação.
Veja na íntegra as letras das paródias cantadas durante a culminância na E.M. Margarida Trindade de Deus:
“Trabalhou, vai receber”
Tem que pagar
Tem que pagar
Se trabalhou, o patrão tem que pagar
Tem que pagar
Tem que pagar
Se trabalhou, o patrão tem que pagar
Tá com problema?
Chame a Justiça
Tudo vai se resolver
O trabalhador tem seus direitos
Trabalhou, vai receber
Tem que pagar
Tem que pagar
Se trabalhou, o patrão tem que pagar
Tem que pagar
Tem que pagar
Se trabalhou, o patrão tem que pagar
Dá o meu dinheiro aí (o patrão tem que pagar)
Dá o meu dinheiro aí (o patrão tem que pagar)
Dá o meu dinheiro aí (o patrão tem que pagar)
Porque o trabalhador tem que sorrir.
“Tem que respeitar”
Todo cidadão tem direito a um trabalho justo
E o bom patrão fica em dia pra evitar o susto
O salário é sagrado, é um direito humano
Todo bom empregado tem direito a fazer planos
Tem que respeitar quem quer trabalhar
Patrão que é consciente não enrola, tem que pagar
Tem que respeitar quem quer trabalhar
Patrão que é consciente não enrola, tem que pagar
A dedicação é qualidade de um bom empregado
E o bom patrão favorece o seu contratado
Se ele for dispensado, tem direito a um seguro
É bom que fique ligado o tempo todo, não dê furo!
Tem que respeitar quem quer trabalhar
Patrão que é consciente não enrola, tem que pagar
Tem que respeitar quem quer trabalhar
Patrão que é consciente não enrola, tem que pagar
O jovem bem esperto pensa em estudar
Sabe que o futuro logo vai chegar
Aprende na escola a ter mais respeito
Quais os seus deveres e os seus direitos
Tem o que trabalha como aprendiz
Faz com muito amor o que seu mestre diz
Trabalha com prazer, tem tudo pra crescer
Sabe a importância de cumprir o seu dever
Eieiê
Tem que respeitar quem quer trabalhar
Patrão que é consciente não enrola, tem que pagar
Tem que respeitar quem quer trabalhar
Patrão que é consciente não enrola, tem que pagar
O patrão tem que pagar. É tão feio enrolar!
O patrão tem que entender e cumprir o seu dever
Trabalha, tem que receber! Trabalha, tem que receber!
“Trabalhou, tem que pagar”
Conheço um cara que foi trabalhar
Foi tão grande o azar, ele se endividou
Ele perdeu todo o seu dinheiro
O patrão malvado o enganou
O cara pagava casa e comida
Viu a sua vida indo muito mal
Virou escravo, foi tão inocente
E ainda viu mais gente levando pau (ai!)
Agora ele está consciente
E só a Justiça pode ajudar
Trabalho escravo é um crime, uai!
Se for preciso, pra Justiça vai
Enganador cai da cadeira, cai
Tem que aprender a respeitar
Nem gente grande, nem criança, uai!
Nem brasileiro, nem imigrante vai
Enganador cai da cadeira, cai
Se trabalhou tem que pagar.
“Poder sonhar”
Preste atenção!
Não é justo eu sofrer pra ter um pão
Quem me obriga a muito cedo trabalhar
Tira de mim a linda chance de sonhar
Que decepção!
Sem escola, sem respeito e educação
Cadê a liberdade que o Brasil me prometeu?
Cadê a dignidade que é um direito meu?
Olhe bem para mim
Eu tenho fome de amor
Essa dor não tem fim
Alguém me ajude, por favor!
Poder brincar com meus amigos e ser bem feliz
São coisas simples que não tenho e eu sempre quis
Ter tempo pra estudar, correr, sorrir, brincar
Aí eu vou poder sonhar
Sou muito mais que o futuro desse meu país
Quero apagar da minha alma essa cicatriz
Eu quero viver
Tenho que crescer
Estou em tempo de aprender
Tente me amar
E me educar
Deixe a porta aberta, eu vou entrar
Me abraça, faça tudo por mim
Esteja ao meu lado até o fim.