A pandemia da Covid-19 agravou a desigualdade de gênero no mundo do trabalho. Um dos motivos foi o fechamento de vagas para serviços de cuidados, intensificando a demanda de trabalho doméstico e responsabilidades familiares para milhares de trabalhadoras. Um possível caminho para mudar esse quadro, segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), é investir no setor. Até 2035, cerca de 300 milhões de postos de trabalho poderiam ser criados.
No relatório “Care at work: Investing in care leave and services for a more gender equal world of work” (“Cuidados no trabalho: Investir em licenças de assistência e serviços para um mundo do trabalho mais igualitário em termos de gênero”), lançado em março, a entidade indica que seriam criados 96 milhões de empregos na área de cuidados com crianças, 136 milhões de vagas para cuidados continuados e 67 milhões em setores não relacionados à prestação de cuidados.
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O estudo leva em consideração dados de 185 países – entre eles, o Brasil – ao longo da última década, analisando as lacunas legais que persistem e têm como consequências a desproteção e falta de apoio a milhões de trabalhadores no mundo. Como referência, foram adotados os requisitos e princípios das normas internacionais, como as Convenções e Recomendações da OIT. E há atenção especial para grupos frequentemente excluídos, como autônomos, trabalhadores informais, migrantes, pais adotivos e membros da comunidade LGBTQI+, além das mulheres.
“Precisamos repensar a forma como fornecemos políticas e serviços de prestação de cuidados para que estes proporcionem uma continuidade, assegurem um bom ponto de partida para as crianças, apoiem as mulheres para permanecerem empregadas e que impeçam as famílias ou indivíduos de caírem na pobreza”, afirma Manuela Tomei, Diretora do Departamento de Condições de Trabalho e Igualdade da OIT.
O relatório reconhece os avanços, em diferentes níveis, conquistados pelas nações ao longo dos últimos 10 anos, mas indica medidas que podem ser adotadas para a construção de um mundo do trabalho melhor e com mais igualdade de gênero. Algumas delas são ampliar a licença-maternidade e a licença-paternidade, inclusive para trabalhadores informais, promover serviços de cuidados infantis em tempo integral, gratuitos e universais de alta qualidade, após o fim das licenças-maternidade e paternidade, e incentivar serviços de cuidados continuados para idosos.
Clique aqui para ler o relatório na íntegra (em inglês).