Apesar de 15,5 milhões de brasileiros (7% da população) se identificarem como LGBTQIA+, eles só ocupam 4,5% dos empregos. A análise dos quadros funcionais de 289 empresas, com 1,5 milhão de empregados, mostrou que a participação de pessoas trans é ainda mais reduzida: apenas 0,38% dos trabalhadores.
Ex-presidente da AMATRA1, o juiz Ronaldo Callado disse que o mercado apresenta obstáculos significativos às pessoas LGBT.
“O mercado de trabalho ainda é um desafio para os cidadãos LGBT. Atualmente, há setores de prestação de serviços que normalmente toleram essa mão de obra (telemarketing e salões de beleza, por exemplo). E eu digo toleram porque há pesquisas que revelam a enorme discriminação sofrida por esse grupo nos postos de trabalho, especialmente para os transexuais.”
Para Ronaldo Callado, secretário-geral da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho e representante da Região Sudeste na Comissão LGBTQIAPN+ da Associação, a “cartilha da Anamatra chega em momento oportuno, pois servirá como instrumento de disseminação de informações relevantes para compreensão, pela sociedade, dos direitos que a população, assim como todos seus pares, possui”.
A Anamatra lançou a Cartilha de Direitos da Comunidade LGBTQIAPN+ no 21º Congresso Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Conamat), em Foz do Iguaçu (PR), em 2 de maio.
Elaborada pela Comissão LGBTQIAPN+ da Associação, o livro aborda tópicos relevantes para a promoção da igualdade e garantia dos direitos. Os capítulos incluem temas como igualdade, discriminação, segurança, liberdade de expressão, saúde, educação inclusiva e convivência familiar. Cada capítulo reúne informações e orientações específicas para a compreensão da diversidade e assegurar os direitos fundamentais da comunidade.
A juíza Adriana Leandro, diretora de Imprensa e Comunicação da AMATRA1, disse que “A Lgbtfobia é um tema que precisa ser muito debatido”.
“A sua ocorrência no ambiente do trabalho ainda é muito evidente e não raro se dá de forma velada. É preciso construir dentro do ambiente de trabalho uma conscientização e desconstrução da heteronormatividade”, defendeu a magistrada.
A magistrada enfatizou que essa mudança só será possível com “uma mentalidade empresarial voltada à inclusão e, principalmente, de compromisso com a responsabilidade social e humana”.
O Fórum de Empresas e Direitos LGBTI+ e a plataforma To.gather uniram esforços para realizar o levantamento. Ambas são direcionadas para a promoção da diversidade. Enquanto o fórum possui cerca de 200 empresas comprometidas com a empregabilidade da comunidade, a plataforma lida com dados para otimizar a diversidade dentro das instituições.
As instituições fizeram mais um levantamento. De 51 empresas participantes do Fórum, 61% empregam pessoas trans, que só ocupam 1% das vagas ocupadas por essa população. Apenas 16% das empresas reportaram ter pessoas trans em cargos de liderança.
A desigualdade no mercado de trabalho para a comunidade LGBTQIA+ no Brasil permanece uma questão crítica. A falta de dados oficiais e a discriminação contínua sublinham a necessidade urgente de ações concretas para promover um ambiente de trabalho mais inclusivo e representativo.
Com informações da GloboNews – Foto: Imagem ilustrativa/Freepik.
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