Áurea Sampaio e Cléa Couto recebem Medalha Chiquinha Gonzaga

A Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro entregou a Medalha de Reconhecimento Chiquinha Gonzaga às juízas aposentadas Áurea Regina de Souza Sampaio e Cléa Maria Carvalho do Couto, na  última sexta-feira de junho (28). A homenagem, conduzida pelo vereador Paulo Pinheiro (Psol), autor da iniciativa, foi acompanhada pela presidenta Daniela Muller e por colegas da AMATRA1. 

“Foram essas guerreiras e amigas muito queridas que consolidaram um lugar conquistado com uma luta que às vezes não aparece no dia a dia das mulheres. É só por conta delas que é possível eu estar aqui e tantas outras que continuarão também nesse caminho”, disse a presidenta, que integrou a mesa de autoridades da cerimônia.

Daniela Muller destacou o papel das mulheres no Direito do Trabalho, segmento do judiciário com maior representação feminina. Também mencionou o Projeto de Lei em tramitação na Câmara para renomear uma rua em homenagem a Sônia Sanches, primeira juíza do Trabalho do Brasil e fundadora da AMATRA1.

Daniela Muller fala sobre jornada das mulheres na magistratura

As magistradas homenageadas destacaram a importância da Justiça do Trabalho na proteção dos direitos dos trabalhadores e a luta por um ambiente laboral justo e seguro. Elas reconhecem a pioneira compositora Chiquinha Gonzaga (1847-1935) como uma mulher à frente do seu tempo, cuja determinação e coragem são inspiradoras. Também agradeceram aos colegas da AMATRA1 e parentes que sempre as apoiaram.

“Receber esta medalha como juíza é, para mim, um reconhecimento do meu trabalho na Justiça, sempre em prol do trabalhador para garantir os seus direitos. Recebo, portanto, a medalha com muito orgulho, não por conta dos meus atributos pessoais, mas sim por ter, como juíza, personificado a Justiça do Trabalho, instituição que considero vital e indispensável para garantir os direitos fundamentais e sociais assegurados na Constituição Federal”, afirmou Áurea Sampaio.

Áurea Sampaio em entrevista para a Rio TV Câmara

A juíza Cléa Couto ressaltou o valor da medalha como reconhecimento da trajetória de 24 anos na magistratura trabalhista e no movimento associativo. 

“Que possamos seguir seu exemplo [de Chiquinha Gonzaga] e continuar quebrando barreiras em prol dos nossos ideais sem nunca desistirmos. Em nossa jornada pela igualdade de gênero, avançamos significativamente. No entanto, ainda há muito terreno percorrido e muitos espaços a ser ocupados. Vamos continuar um Estado positivo e um mundo mais justo”, afirmou. 

Cléa Couto fala sobre importância de Chiquinha Gonzaga

A medalha celebra mulheres que, por meio do trabalho ou de iniciativas, contribuíram para o engrandecimento da cidade do Rio de Janeiro. Áurea Sampaio e Cléa Couto foram reconhecidas pelas carreiras na Justiça do Trabalho, onde se destacaram pela dedicação à justiça social, preservação da democracia e promoção da cidadania.

A Anamatra (Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho) parabenizou as homenageadas. Em nota, a entidade ressaltou a importância das ações de Áurea Sampaio e Cléa Couto como dirigentes associativas e integrantes da Comissão dos Direitos Humanos e da Comissão Anamatra Mulheres.

Na cerimônia, Paulo Pinheiro enfatizou que a escolha das homenageadas se deu pelo impacto de suas atuações na luta pela democracia e na defesa dos direitos dos trabalhadores, especialmente os mais necessitados. Ele destacou a relevância de reconhecer e celebrar as ações da Justiça do Trabalho.

Diretora administrativa de Patrimônio da AMATRA1, a juíza Luciana Neves disse que as colegas homenageadas foram fundamentais em suas áreas de atuação e em associações ligadas à magistratura. Para ela, presente à cerimônia, tanto Chiquinha Gonzaga quanto as magistradas “são mulheres corajosas, inquietas, que não abrem mão dos seus ideais e de suas ideias”.

Luciana Neves com as juízas aposentadas

“Não medem esforços quando o assunto são defesa da democracia, causas sociais e conquistas de espaços para as mulheres, sem temer a sociedade patriarcal em que foram criadas”, concluiu.

Chiquinha Gonzaga enfrentou e rompeu barreiras sociais e de gênero para dedicar-se à música. Foi a primeira mulher a reger uma orquestra no Brasil e a primeira compositora popular do país. Desfez dois casamentos e manteve uma terceira relação até o fim da vida, desafiando as normas sociais da época. Seu legado abriu caminho para muitas mulheres em um campo dominado por homens.

Foto de capa: mesa da cerimônia de entrega das medalhas. 

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