Cuidados no lar excluem 708 milhões de mulheres do trabalho no mundo

Estudo da Organização Internacional do Trabalho (OIT) estima que 708 milhões de mulheres em todo o mundo estão fora do mercado de trabalho devido a responsabilidades no lar, especialmente com a família.

Os dados apresentados em 29 de outubro, Dia Internacional do Cuidado e do Apoio, expõem o desequilíbrio de gênero na divisão do trabalho decorrente de cuidados não remunerados, como a criação de filhos, o atendimento a pessoas com deficiência e idosos e as tarefas domésticas.

No total, 748 milhões de pessoas em idade ativa estão fora da força de trabalho global por responsabilidades de cuidados, das quais 95% são mulheres. O cenário é uma barreira à inserção e permanência da mulher no mercado de trabalho, especialmente em países onde o apoio institucional e os serviços de cuidados são limitados. 

Entre as mulheres de 25 a 54 anos, 379 milhões estão fora do mercado de trabalho devido a essas responsabilidades, principalmente nas regiões mais afetadas pela falta de infraestrutura adequada e pelos baixos níveis de escolaridade.

A pesquisa revela diferenças regionais expressivas. No Norte da África, 63% das mulheres fora do mercado de trabalho citaram o cuidado como principal fator, seguido por 59% nos Estados Árabes e 52% na Ásia e no Pacífico. 

Nas Américas, a disparidade é marcante: enquanto 47% das mulheres na América Latina e Caribe deixam de participar da força de trabalho devido aos cuidados, nos Estados Unidos e Canadá, o índice cai para 19%. Na Europa e Ásia Central, 21% das mulheres atribuem ao cuidado a razão para a exclusão do mercado, com a menor taxa mundial na Europa Oriental (11%).

As diferenças regionais e de gênero reforçam as desigualdades. A Conferência Internacional do Trabalho da OIT aprovou em junho uma resolução sobre Trabalho Decente e Economia do Cuidado. 

A resolução visa estabelecer políticas que promovam a melhor distribuição dos cuidados, combatam as barreiras de gênero no mercado empregatício e melhorem as condições dos trabalhadores.

Desde 2018, muitos países investiram em infraestrutura de cuidados e em iniciativas de educação para a primeira infância. No entanto, o crescimento contínuo da procura pelos serviços, intensificado pelo envelhecimento da população e pelas mudanças climáticas, indica que essas políticas ainda são insuficientes. 

As estimativas da OIT mostram que os cuidados seguem como a principal razão pela qual as mulheres não ingressam ou se mantêm no mercado. O apoio à economia do cuidado é essencial para enfrentar o desafio, melhorar a inclusão feminina e promover maior equidade no trabalho.

Com informações da OIT – Foto de capa: TV Brasil.

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