TRT-1 e AMATRA1 debatem inclusão de pessoas com deficiência no mercado

A Comissão de Acessibilidade e Inclusão do TRT-1 (Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região) e a AMATRA1 organizaram a roda de conversa “Vidas além da cota: um bate-papo sobre inclusão”, na Biblioteca do Fórum da Lavradio, nesta quarta-feira (11). 

A juíza Luciana Neves, diretora de Patrimônio e ex-presidenta da AMATRA1, representou a associação no encontro. Deficiente auditiva, ela destacou o fato de a sociedade geralmente ignorar a necessidade de acessibilidade até enfrentar diretamente uma situação relacionada. 

A invisibilidade das pessoas com deficiência e o preconceito enraizado foram citados pela especialista como fatores limitadores.

“Ouso dizer que todas as pessoas têm uma deficiência, porque a perfeição, para mim, não existe. Podemos fazer algumas coisas, mas não somos capazes de fazer tudo. Assim é o cidadão que tem uma deficiência mais evidente do que os outros”, afirmou Luciana. 

A roda de conversa reuniu magistrados, servidores e representantes da sociedade civil para conversar sobre os desafios enfrentados por pessoas com deficiência e propor reflexões sobre as barreiras existentes.

“Embora eu e outras pessoas não sejamos pessoas com deficiência, é um dever do cidadão e é dever do Tribunal respeitar os direitos das pessoas com deficiência. Ninguém está livre de qualquer evento que venha a acontecer em suas vidas. É preciso dar tempo para que as pessoas tenham um olhar diferente da realidade, de imaginar que todas as pessoas com deficiência são iguais a nós”, disse a desembargadora Alba Valéria Guedes, coordenadora da Comissão de Acessibilidade. 

Associada da AMATRA1, Alba Valéria defendeu a necessidade de se cumprir os direitos fundamentais previstos na Constituição e anunciou planos para ampliar parcerias e ações em 2025. Segundo ela, a união e a conscientização são essenciais para transformar a realidade.

No evento, o auditor-fiscal do Trabalho Rafael Giguer falou sobre a inclusão das pessoas com deficiência no mercado empregatício. Ele é autor do livro “Vidas Além da Cota”, centro do debate na biblioteca. Crítico do capacitismo estrutural existente, que invisibiliza o público com deficiência e reforça o mito de que a responsabilidade pela adaptação deve ser da pessoa com deficiência, ele enfatizou que encontros como a roda de conversa são fundamentais para desconstruir esse pensamento.

“Nossa sociedade ainda acha que a deficiência é uma tragédia pessoal daquele indivíduo, e é ele que deve se adaptar para estar na nossa sociedade. A tragédia é vivermos em uma sociedade que gera um ‘apartheid’ contra determinados cidadãos brasileiros”, declarou. 

A roda de conversa foi mediada por magistrados e funcionárias, como o desembargador Cesar Marques Carvalho, presidente do TRT-1, a juíza Mônica Cardoso, ambos associados, e as servidoras Maria Villela e Maria Cristina Barbosa. Houve, ainda, uma sessão de  autógrafos do autor do livro.

“Conto as histórias das minhas fiscalizações de cotas de pessoas com deficiência e fiscalizações de trabalho escravo. Fico satisfeito e feliz com este evento, onde pude falar sobre um livro do qual tinha minhas dúvidas se deveria publicar. Mas comecei a ver que era muito maior do que o meu desejo. É uma ferramenta contra a dessensibilização”, finalizou Rafael. 

O evento integra o conjunto de ações do TRT-1 em alusão ao Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU).

Foto de capa: participantes da roda de conversa na biblioteca do TRT-1.

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