Apesar de queda no número de jovens ‘nem-nem’, desigualdades persistem

O número de brasileiros de 15 a 29 anos que não trabalham nem estudam caiu 14,2% para 10,3 milhões em 2023 – o menor patamar desde o início da série histórica em 2012, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Apesar desse progresso, desafios estruturais persistem, especialmente entre os grupos mais vulneráveis. Nos últimos anos, houve aquecimento do mercado de trabalho e retorno ao ensino após o isolamento imposto pela pandemia de COVID-19, o que ajudou a reduzir o número de jovens que nem estudam nem trabalham. Contudo, o avanço esbarra na persistente desigualdade socioeconômica que afeta as famílias mais pobres. 

Nos 10% de domicílios com menor renda, quase metade dos jovens (49,3%) continua fora do sistema educacional ou do mercado de trabalho, disparidade que aumentou em comparação com anos anteriores.

Entre os 10,3 milhões de jovens “nem-nem” em 2023, 6,7 milhões eram mulheres, 65% do total. A predominância feminina é uma tendência observada globalmente e pode ser explicada por fatores culturais e estruturais. 

As jovens enfrentam desafios adicionais devido aos cuidados com a família e à falta de infraestrutura, como creches adequadas e apoio para o cuidado com idosos. O cenário é agravado pela escassez de políticas públicas específicas para os grupos vulneráveis.

A análise dos dados do IBGE aponta que as mulheres negras ou pardas são as mais afetadas – 45,2% do total de “nem-nem”. As brancas diminuíram em termos percentuais, mas continuam significativamente subrepresentadas no mercado de trabalho e na educação.

Apesar da redução geral nos números, a desigualdade persistente entre os mais pobres e a predominância feminina destacam a urgência de políticas públicas eficazes contra as lacunas estruturais. Sem essas intervenções, é improvável que a situação melhore significativamente, mantendo-se um desafio ao país.

Com informações do jornal O Globo – Foto de capa: Reprodução/Agência Brasília.

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