A aposentadoria pode ser vista como um ponto final ou um novo começo. Para Cléa Couto, ex-presidenta da AMATRA1, foi uma oportunidade de reinventar sua trajetória. Desde 2018, quando começou a planejar sua saída da magistratura, Cléa buscou uma atividade que refletisse suas paixões e seus valores. Hoje, como organizadora de lares, ela usa habilidades desenvolvidas na magistratura para ajudar pessoas a alcançarem o equilíbrio em suas vidas.
A juíza aposentada do TRT-1 (Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região) mantém vínculos com os colegas por meio de iniciativas sociais da AMATRA1, enquanto reforça a importância de aproveitar cada etapa da vida como aprendizado. “Existe vida além da magistratura”, brinca.
Cléa Couto ingressou na magistratura em 1996. Foi juíza titular da 61ª VT da Capital e atuou como vice-presidenta nas três gestões anteriores a sua presidência da Associação, no biênio 2015-2017. Também já foi diretora adjunta de Convênios e Benefícios (2001-2003), membro da Comissão de Prerrogativas (2005-2007), tesoureira (2007-2009) e membro do Conselho Editorial (2018-2020).
A magistrada atuou ainda, entre 2011 e 2013, como diretora de Comunicação Social da Anamatra (Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho). Atualmente faz parte da Comissão Anamatra Mulheres.
A seguir, entrevista com Cléa Couto
AMATRA1: Como a senhora encarou a saída da magistratura e o início dessa nova etapa?
Cléa Couto: Comecei a pensar em me aposentar em 2018. Tentei me profissionalizar para uma transição de carreira. Eu não queria advogar, não queria dar aula, não queria saber mais de Direito. Queria algo diferente, alguma coisa que pudesse contar só comigo mesma, sem precisar ter um empregador ou um trabalho formal.
Procurei cursos que me profissionalizassem de forma que eu pudesse fazer algo que eu gostasse. Encontrei na organização residencial e a organização residencial me encontrou. Eu sou uma profissional da organização de lares.
Reprodução/perfil do Instagram
Ajudo as pessoas, assim como ajudava na magistratura. É uma maneira completamente diferente de ajudar. A organização externa reflete a sua organização interna. E nunca trabalho sozinha, sempre trabalho com um grupo de outros profissionais. Acabo me relacionando e dividindo experiências com pessoas completamente diferentes, que pensam fora da “casinha do Direito”. Isso é muito bom.
AMATRA1: Como tem sido para equilibrar a vida profissional com a pessoal e familiar? A senhora consegue administrar as demandas de forma mais eficiente do que quando era magistrada?
Reprodução/perfil do Instagram
Cléa Couto: Sempre fui organizada, tanto que busquei algo que tivesse a ver comigo. Sempre conciliei razoavelmente bem com a minha família, mas agora consigo muito melhor. Escolho o dia que vou trabalhar, me organizo para ir ao médico, para cuidar da minha saúde física ou ir para a academia. Consigo organizar melhor meus horários.
AMATRA1: Como surgiu a ideia do projeto “Cléa pelo Mundo” no Instagram?
Cléa Couto: É um projeto pessoal. Adoro viajar, viagens pequenas. Procuro fazer uma vez por mês, pelo menos, e duas grandes durante o ano. Eu colocava essas viagens só nos stories no meu perfil de organizadora, mas as pessoas ficavam me perguntando muitas informações. Então, esses registros e a ideia de criar um Instagram só para isso partiram da demanda dessas pessoas. É um perfil bem pequeno ainda. Comecei com Montevidéu. Foi uma viagem com um grupo de amigas. Sempre viajo, na maioria das vezes, com amigas da magistratura. Fiz Montevidéu e depois Tailândia. Vou compartilhar posteriormente as fotos do Camboja e Vietnã. Aliás, a opção de me aposentar cedo e com saúde foi exatamente para poder viver. Existe vida além da magistratura.
AMATRA1: Como a senhora se mantém perto da magistratura hoje?
Cléa Couto: Procuro me manter socialmente envolvida com os colegas. Tem muita gente nova pelo último concurso. Não conheço todo mundo, mas procuro estar presente na vida social da AMATRA1. Na Anamatra, faço parte da Comissão Anamatra Mulheres.
AMATRA1: Que mensagem a senhora gostaria de transmitir aos magistrados aposentados e aos novos que estão iniciando suas carreiras?
Cléa Couto: Os colegas devem aproveitar cada momento da vida como um aprendizado para que possam usar isso. A magistratura é uma profissão bem pesada e consome bastante o juiz, a vida pessoal dele, mas é preciso tirar o melhor proveito. Você pega o limão e faz a limonada!
A magistratura me deu muita experiência em relação a pessoas. Você tem de ouvir o réu, o autor, as testemunhas. Saber ouvir o outro foi muito importante para a minha profissão atual, porque preciso saber a necessidade do cliente para fazer a organização da sua casa. Saber ouvir o próximo e respeitar a necessidade do outro.
Minha experiência na AMATRA1 também me ajudou muito. Eu tinha dificuldade de falar em público, tive de melhorar isso por conta da Associação para me comunicar como representante. São experiências da vida que você vai somando às suas experiências pessoais e isso sempre contribui para a sua vida atual.
Foto de capa: Cléa Couto na Pedra do Sal.
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