Edna Bezerra de Mello Kauss, juíza do Trabalho aposentada desde 2000, encontrou nas artes visuais uma nova forma de atuação profissional. Sua trajetória artística reflete a continuidade de um olhar analítico e criativo, com obras que já foram apresentadas em diversos países.
A carreira de Edna Kauss na magistratura teve início em 7 de abril de 1995, no TRT-1 (Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região). Ela atuou com dedicação em funções administrativas na AMATRA1, como diretora de Patrimônio (1998-1999) e integrante do Conselho Fiscal (2002-2003). A aposentadoria precoce, motivada por questões de saúde, marcou a transição para a arte. que decidiu se profissionalizar nas artes visuais.
“Desde cedo tive interesse pela arte, mas demorei a exercer uma atividade artística. Meu primeiro passo foi através da cerâmica, no início dos anos 80, quando era advogada, nas minhas horas de lazer”, afirmou.
Embora o interesse tenha surgido antes da magistratura, foi somente após se aposentar que ela se aprofundou no campo. A partir de 2001, frequentou a Escola de Artes Visuais do Parque Lage, onde estudou história da arte orientada por Reynaldo Röels e escultura por João Carlos Goldberg e Iole de Freitas.
Em uma grande exposição da EAV (Escola de Artes Visuais do Parque Lage) em 2004, produziu a escultura “Prisma”, que permanece instalada no Parque Lage e foi visitada por uma turma de juízes e servidores do TRT-1 em 2019.
Juízes, servidores e familiares diante do Prisma, em agosto de 2019
Seu trabalho artístico, centrado na tridimensionalidade e no uso da luz, conquistou espaço em exposições no Brasil, nos Estados Unidos, na França e em Portugal. Inicialmente, Edna participou de exposições coletivas entre 2004 e 2007, com obras em instituições como a Medialia Gallery, em Nova York, a Universidade das Artes da Filadélfia e a Faculdade de Belas Artes de Lisboa. Em 2008, realizou a primeira de quatro exposições individuais, intitulada “De Dentro para Fora”, no Centro Cultural da Justiça Federal, no Rio de Janeiro.
Edna também explora questões sociais em sua produção artística. Em 2015, na exposição “Luz na Cela”, abordou a degradação no sistema carcerário. Na mostra “Indícios”, em 2018 no Paço Imperial, trouxe reflexões sobre a restrição de direitos no Brasil.
Entre seus projetos recentes, em 2024 Edna participou da exposição “Abstratos Geométricos e algo mais…”, na galeria Casa do Paulo Branquinho, no Rio de Janeiro onde apresentou a obra “Meu Boogie Woogie com Diagonais”, composta por cabos luminosos coloridos costurados em um quadro de MDF de 130 cm x 130 cm e inspirada na obra “Broadway Boogie Woogie” (1943), do pintor modernista holandês Piet Mondrian.
Sua obra permanece em evolução, com novas produções previstas, incluindo uma exposição coletiva em Pavia, Itália, programada para março de 2025.
“Incentivo os colegas da magistratura a se aproximarem de todas as artes, não apenas as artes visuais. Esse conhecimento fora da esfera do trabalho nos enriquece”, concluiu a magistrada.
Foto de capa: Edna Kauss e sua obra “Meu Boogie Woogie com Diagonais”.
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