Um estudo da Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) revela que o Brasil reduziu o índice de pobreza multidimensional entre crianças e adolescentes de 0 a 17 anos entre 2017 e 2023. O número de jovens nessa condição caiu de 34,3 milhões (62,5%) para 28,8 milhões (55,9%) no período analisado. Já a pobreza multidimensional extrema passou de 13 milhões (23,8%) para 9,8 milhões (18,8%).
A pesquisa Pobreza Multidimensional na Infância e Adolescência no Brasil – 2017 a 2023 destaca que o avanço decorreu, em grande parte, da ampliação do programa Bolsa Família e da melhoria no acesso à informação. A análise se baseou na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PnadC) e avaliou sete dimensões: renda, educação, saneamento, água, moradia, acesso à informação e proteção contra o trabalho infantil, além de uma análise de segurança alimentar.
A privação de renda, que atingia 25,4% das crianças em 2017, caiu para 19,1% em 2023. O Bolsa Família foi responsável por retirar milhões de crianças da pobreza, com o número de beneficiários crescendo significativamente nos últimos anos. A dimensão de acesso à informação também registrou avanços notáveis, com a privação reduzida de 17,5% para 3,5% no período.
Na segurança alimentar, o percentual de crianças em situação de insegurança caiu de 50,5% em 2018 para 36,9% em 2023. Outros indicadores, como o acesso a saneamento e moradia, também apresentaram quedas modestas, mas persistem desafios significativos.
Crianças negras seguem mais vulneráveis, com 63,6% em situação de pobreza multidimensional, contra 45,2% entre brancos. Essa desigualdade se estende às dimensões de educação e saneamento, onde as privações continuam maiores para esse grupo.
O estudo também expõe as dificuldades enfrentadas em áreas rurais, onde 95,3% das crianças tinham alguma privação em 2023, comparado a 48,5% em áreas urbanas. A falta de saneamento, outro indicador analisado, teve índices de quase 92% no campo, enquanto nas cidades o percentual foi de 28%.
Na dimensão educacional, o estudo revelou oscilações ao longo dos anos. Em 2023, 7,7% das crianças enfrentavam privação de educação, uma leve melhora em relação a 2021, quando o índice chegou a 8,8%. Contudo, a pandemia de COVID-19 deixou impactos duradouros, especialmente na alfabetização, com 30% das crianças de 8 anos não alfabetizadas em 2023.
Apesar dos avanços registrados, os dados reforçam a necessidade de medidas contínuas para assegurar condições de vida dignas e equitativas para todos os jovens no país.
A pobreza multidimensional abrange diversas privações nos âmbitos social, econômico e político, para além da renda. A visão reconhece que a pobreza não se limita à falta de recursos financeiros, mas também envolve carências como ausência de serviços públicos, assistência social, saúde, educação e instituições eficazes.
Com informações da Unicef – Foto de capa: Erico Hiller/Unicef.
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