A informalidade como entrave para o mercado de trabalho na América Latina

A recuperação do emprego na América Latina segue limitada, segundo relatório recente da Organização Internacional do Trabalho (OIT). A taxa de desemprego caiu de 6,5% para 6,1% em 2024, enquanto a de emprego alcançou 58,9%, um aumento de apenas 0,5 ponto percentual. Apesar do crescimento, os indicadores seguem abaixo dos níveis de 2012 e refletem um mercado ainda marcado pela informalidade, pela  desigualdade de gênero e pelas dificuldades para a inclusão de jovens no trabalho formal.

O juiz André Villela, ex-presidente da AMATRA1, analisou os dados e destacou que, apesar da redução da taxa de desemprego e do leve aumento da taxa de emprego, os avanços permanecem insuficientes. Ele considera que a qualificação profissional é um fator determinante para a ampliação das oportunidades.

“Mais do que nunca, é fundamental oferecer instrução e educação tanto para a juventude quanto para os adultos no mercado de trabalho, pois, muitas vezesp, a criação insuficiente de empregos pode estar ligada à falta de profissionais com capacidade técnica”, afirmou o magistrado. 

A OIT identificou que, em 2024, a recuperação dos postos de trabalho ainda se apoia no crescimento do emprego informal. Com exceção de Brasil, México e Argentina, a informalidade representou entre 48% e 70% do aumento líquido do emprego na maioria dos países analisados, evidenciando a dificuldade na formalização do trabalho na região.

A renda real média dos trabalhadores também continua pressionada pela inflação. Em mais da metade dos países avaliados, os salários reais por hora são inferiores ou semelhantes aos registrados antes da pandemia. No Brasil, Chile e República Dominicana, os valores permaneceram próximos aos de 2019, enquanto na Argentina e na Costa Rica foram observadas quedas mais acentuadas.

A participação feminina na força de trabalho permanece inferior à dos homens, com uma diferença de mais de 20 pontos percentuais. Mulheres continuam enfrentando barreiras para ingressar no mercado formal, além de receberem salários menores e estarem mais expostas ao desemprego. O estudo aponta que a criação de empregos não acompanhou o crescimento da população economicamente ativa, o que compromete a ampliação do acesso ao trabalho.

A informalidade atinge quase metade da população ocupada, afetando principalmente mulheres e jovens. A taxa caiu levemente em relação ao ano anterior, mas segue elevada, comprometendo a seguridade social e ampliando a instabilidade econômica para milhões de trabalhadores. O relatório destaca que, em algumas economias da região, a maior parte das contratações ainda ocorre fora das regras formais de proteção ao emprego.

O desemprego juvenil continua sendo um dos principais desafios, com uma taxa quase três vezes superior à dos adultos. Apesar da redução de 14,5% para 13,8% entre 2023 e 2024, as oportunidades para pessoas de 15 a 24 anos seguem limitadas. A alta informalidade e os baixos salários dificultam a transição dos jovens para ocupações de qualidade, reduzindo suas perspectivas de crescimento profissional.

Para 2025, a OIT prevê um cenário de crescimento econômico moderado, com a taxa de desemprego variando entre 5,8% e 6,2%. O estudo aponta a necessidade de ampliar políticas de formalização do trabalho e fortalecer a inclusão de mulheres e jovens para garantir um mercado mais equilibrado e menos vulnerável a oscilações econômicas.

Com informações da OIT – Foto de capa: Fernando Frazão/Agência Brasil.

Leia mais: Semana Nacional da Conciliação Trabalhista de 2025 ocorrerá em maio

‘Ainda estou aqui’ reacende debate sobre julgamento da Lei da Anistia no STF

Diretores da AMATRA1 vão a concerto em homenagem à nova diretoria do TRT-1