19 de outubro de 2021 . 15:08

Alunos de Araruama cantam paródias na última etapa do Programa TJC

Paródias de músicas conhecidas foram apresentadas pelos alunos da Escola Municipal Margarida Trindade de Deus, em Araruama, Região dos Lagos do Rio de Janeiro, para ilustrar o conteúdo aprendido no Programa Trabalho, Justiça e Cidadania (TJC). Nesta segunda-feira (18), a turma participou da última etapa do TJC de forma virtual. Temas como a relação entre empregados e empregadores, trabalho escravo e infantil e o papel da Justiça na efetivação dos direitos dos cidadãos foram abordados com muita criatividade pelos estudantes na culminância.

Participaram do evento telepresencial o presidente da AMATRA1, Flávio Alves; a coordenadora do TJC no Rio, Benimar Medeiros; a procuradora do Trabalho Maria Vitória Sussekind Rocha; a secretária municipal de Educação de Araruama, Luiza Cristina da Silva Vianna; e a vice-diretora da escola, Ester Sabino da Silva. A diretora da AMATRA1 Áurea Sampaio, que participou de outras duas etapas do Programa - a de palestras aos alunos e a de visitação às varas de Trabalho - também acompanhou as apresentações.

“É um prazer participar deste momento do Programa TJC, em que a Anamatra e as Amatras proporcionam o contato com a população escolar para levar a ideia do Direito do Trabalho. Como todo direito que conquistamos até hoje, precisamos trabalhar para mantê-lo, e isso só é possível quando conhecemos e conseguimos enxergar a importância desse direito”, afirmou Flávio Alves.

Presidente da AMATRA1, Flávio Alves participou da última etapa do TJC, nesta segunda (18)

Na próxima sexta-feira (22), às 9h, será a vez dos alunos da Escola Municipal André Gomes dos Santos, também de Araruama, apresentarem criativamente os conteúdos aprendidos no TJC. O evento terá transmissão pelo Google Meet. Clique aqui para acessar a plataforma.

Alunos fizeram paródias de quatro músicas 

“Trabalhou, vai receber”, paródia da abertura do programa do Silvio Santos iniciou a culminância. A canção enfatiza a necessidade de efetuar o pagamento dos trabalhadores e o papel da Justiça do Trabalho para garantir esse direito. Na sequência, a turma simulou um programa de auditório apresentado pelo professor Marcos José Ferrarez de Mello, em que eram feitas perguntas sobre o mundo do trabalho, como características da aprendizagem profissional.

Os alunos cantaram a música “Tem que respeitar”, paródia de “Quero Te Encontrar”, de Claudinho e Buchecha, pontuando a necessidade de garantir os direitos dos trabalhadores que se dedicam diariamente. Já na música “Trabalhou tem que pagar”, versão de “Esperando na Janela”, de Gilberto Gil, contaram a história de um homem que foi enganado pelo empregador e acabou sendo vítima do trabalho escravo contemporâneo.

Alunos cantaram paródias e simularam programa de auditório sobre o mundo do trabalho

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Encerrando as apresentações, os estudantes cantaram “Poder sonhar”, paródia da canção “Minha vez”, de Ton Carfi e Livinho. A música faz um apelo para que os direitos de crianças e adolescentes, como o acesso à educação, ao lazer, à dignidade e atenção, sejam respeitados. Eles também entoaram o grito “alô, meu Brasil. Vamos acabar com o trabalho infantil”.

“Trocamos muitas ideias em sala de aula a partir da apresentação da Cartilha, falamos das nossas experiências e construímos essas mensagens que, na verdade, queremos que sejam espalhadas e nos tragam frutos”, afirmou o professor Marcos, que leciona na E.M Margarida há 10 anos.

A juíza aposentada Benimar Medeiros, diretora da AMATRA1 que coordena o TJC no estado, destacou ser sempre emocionante participar das culminâncias, embora de forma telepresencial neste ano. “Sabemos as dificuldades que as escolas têm enfrentado para levar adiante o ensino neste período de pandemia. Parabéns a todos por conseguirem realizar a educação apesar das dificuldades e de todos os obstáculos, que são ainda maiores na presente crise, mas sempre existem. Deixo registrada a admiração e a minha gratidão a todos os participantes.”

Benimar Medeiros se emocionou com apresentações na culminância do TJC

Parceira do Programa, a procuradora do Trabalho Vitória Sussekind também se emocionou com as apresentações, e ressaltou a importância dos professores não só para o sucesso do TJC, mas também para o combate ao trabalho infantil. “Os professores nos ajudam muito, nos dão orientações, inclusive para conseguirmos identificar as crianças que estão trabalhando”, disse.

A secretária municipal de Educação, Luiza Cristina da Silva Vianna falou sobre a parceria das instituições e agradeceu pelo trabalho desenvolvido com os estudantes da cidade. “Começamos com duas unidades escolares, mas queremos que seja expandido porque o resultado com os alunos está sendo maravilhoso. Tem acrescentado muito ao conhecimento dos estudantes, que estão tendo contato com essa questão do trabalho, muito importante para todos nós.”

A vice-diretora da escola, Ester Sabino da Silva, falou sobre a evolução do Programa TJC no decorrer do ano. “Somos muito gratos ao projeto. A princípio, ficamos um pouco preocupados devido à correria do dia a dia, nossa escola tem muitos alunos e muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo. Mas, com o desenrolar do Programa, vemos o projeto se realizando e alcançando patamares muito maiores do que imaginávamos. Tenho certeza que os alunos serão sementes desse projeto em nossa comunidade”, afirmou Ester.

Vice-diretora da escola municipal exaltou progresso do TJC entre os alunos

O Programa TJC é uma iniciativa da Anamatra, colocada em prática regionalmente pelas Amatras desde 2004. O objetivo é levar noções de cidadania, ética e direitos básicos às escolas públicas no país. Nesta edição, em razão da pandemia, precisou ser realizado à distância. Ao todo, 240 estudantes de duas unidades educacionais foram contemplados pela ação.

Veja na íntegra as letras das paródias cantadas durante a culminância na E.M. Margarida Trindade de Deus:

“Trabalhou, vai receber”

Tem que pagar
Tem que pagar
Se trabalhou, o patrão tem que pagar

Tem que pagar
Tem que pagar
Se trabalhou, o patrão tem que pagar

Tá com problema?
Chame a Justiça
Tudo vai se resolver
O trabalhador tem seus direitos
Trabalhou, vai receber

Tem que pagar
Tem que pagar
Se trabalhou, o patrão tem que pagar

Tem que pagar
Tem que pagar
Se trabalhou, o patrão tem que pagar

Dá o meu dinheiro aí (o patrão tem que pagar)
Dá o meu dinheiro aí (o patrão tem que pagar)
Dá o meu dinheiro aí (o patrão tem que pagar)
Porque o trabalhador tem que sorrir.

“Tem que respeitar”

Todo cidadão tem direito a um trabalho justo
E o bom patrão fica em dia pra evitar o susto
O salário é sagrado, é um direito humano
Todo bom empregado tem direito a fazer planos

Tem que respeitar quem quer trabalhar
Patrão que é consciente não enrola, tem que pagar
Tem que respeitar quem quer trabalhar
Patrão que é consciente não enrola, tem que pagar

A dedicação é qualidade de um bom empregado
E o bom patrão favorece o seu contratado
Se ele for dispensado, tem direito a um seguro
É bom que fique ligado o tempo todo, não dê furo!

Tem que respeitar quem quer trabalhar
Patrão que é consciente não enrola, tem que pagar
Tem que respeitar quem quer trabalhar
Patrão que é consciente não enrola, tem que pagar

O jovem bem esperto pensa em estudar
Sabe que o futuro logo vai chegar
Aprende na escola a ter mais respeito
Quais os seus deveres e os seus direitos

Tem o que trabalha como aprendiz
Faz com muito amor o que seu mestre diz
Trabalha com prazer, tem tudo pra crescer
Sabe a importância de cumprir o seu dever
Eieiê

Tem que respeitar quem quer trabalhar
Patrão que é consciente não enrola, tem que pagar
Tem que respeitar quem quer trabalhar
Patrão que é consciente não enrola, tem que pagar

O patrão tem que pagar. É tão feio enrolar!
O patrão tem que entender e cumprir o seu dever
Trabalha, tem que receber! Trabalha, tem que receber!

“Trabalhou, tem que pagar”

Conheço um cara que foi trabalhar
Foi tão grande o azar, ele se endividou
Ele perdeu todo o seu dinheiro
O patrão malvado o enganou

O cara pagava casa e comida
Viu a sua vida indo muito mal
Virou escravo, foi tão inocente
E ainda viu mais gente levando pau (ai!)

Agora ele está consciente
E só a Justiça pode ajudar

Trabalho escravo é um crime, uai!
Se for preciso, pra Justiça vai
Enganador cai da cadeira, cai
Tem que aprender a respeitar

Nem gente grande, nem criança, uai!
Nem brasileiro, nem imigrante vai
Enganador cai da cadeira, cai
Se trabalhou tem que pagar.

“Poder sonhar”

Preste atenção!
Não é justo eu sofrer pra ter um pão
Quem me obriga a muito cedo trabalhar
Tira de mim a linda chance de sonhar

Que decepção!
Sem escola, sem respeito e educação
Cadê a liberdade que o Brasil me prometeu?
Cadê a dignidade que é um direito meu?

Olhe bem para mim
Eu tenho fome de amor
Essa dor não tem fim
Alguém me ajude, por favor!

Poder brincar com meus amigos e ser bem feliz
São coisas simples que não tenho e eu sempre quis
Ter tempo pra estudar, correr, sorrir, brincar
Aí eu vou poder sonhar

Sou muito mais que o futuro desse meu país
Quero apagar da minha alma essa cicatriz
Eu quero viver
Tenho que crescer
Estou em tempo de aprender

Tente me amar
E me educar
Deixe a porta aberta, eu vou entrar
Me abraça, faça tudo por mim
Esteja ao meu lado até o fim. < VOLTAR