16 de novembro de 2020 . 13:45

Força feminina no filme ‘Retrato de uma jovem em chamas’ é abordada em live

A força das mulheres e a busca por liberdade no filme “Retrato de uma jovem em chamas” foram debatidas na live cultural de sexta-feira (13), transmitida no YouTube e no Facebook da AMATRA1. A advogada Renata Lira, coordenadora da Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da ALERJ, e o educador Frederico Behrends, co-criador da Pedagogia Inkiri e do Curso Educação com Consciência, comentaram a obra francesa que retrata a relação de duas jovens. A juíza do TRT-23 (MT) Danusa Malfatti foi a mediadora do evento.

Premiado no Festival de Cannes 2019, o roteiro apresenta o crescimento do intenso relacionamento entre a pintora Marianne (Noémie Merlant) e Héloïse (Adèle Haenel). Incumbida de criar um retrato da jovem sem que ela saiba, a artista passa a ser uma companheira de caminhadas durante o dia. O motivo do segredo é a recusa de Héloïse em posar para pintores, já que o objetivo de sua mãe é encaminhar o retrato para o pretendente da filha contra a sua vontade. Ao longo do processo de observação de Marianne para pintar o quadro, elas se aproximam cada vez mais.

“O filme é muito rico em todos os aspectos. Fala de música, pintura, paixão, solidão, esperança, desesperança, igualdade e desigualdade. Retrata a liberdade da mulher de forma geral - na forma como é tratada profissionalmente, dentro de casa, nas relações familiares e de amigos, nas oportunidades”, afirmou a magistrada.

Renata Lira ressaltou a atualidade dos temas trabalhados no filme, ambientado no século 18. “Por diversos motivos, o filme podia estar se passando agora. Temos, na obra, uma sociedade patriarcal, que era muito mais comum no século 18, mas ainda a temos hoje em dia. Temos uma sociedade castradora dos desejos das pessoas, e isso se percebe muito no filme.”

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A realidade tolhida de Héloïse é, também, a de mulheres que procuram o auxílio da Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da ALERJ, pontuou Renata. “A reconheço em diversas mulheres de hoje, que nos buscam para serem acolhidas e terem seu direito à diversidade, à sua sexualidade e ao seu desejo. Muitas pessoas vêm até a Comissão de Direitos Humanos com uma série de questões, como a de violência doméstica e guarda de filhos”, disse.

A representação da força da mulher foi um dos aspectos que impactou Behrends. O educador observou um contraponto entre a intensidade das personagens e o “conformismo” diante das exigências dos padrões sociais. “Tem muitas facetas escondidas atrás da figura que tinham que mostrar para a sociedade. Existe uma força física e emocional muito grande. Elas queriam viver cada minuto como se fosse o último mas, ao mesmo tempo, tinham o conformismo pelo que a sociedade impõe.”

Danusa Malfatti também destacou que, de forma profunda e delicada, a produção “mostra a força da mulher”. “Elas vencem o medo. Héloïse não sabia se sabia nadar, mas queria enfrentar o mar e consegue vencer o medo. É uma jovem que tinha sede de mudança, de enfrentar seus medos, alguns que ela nem sabia se tinha. Ela tinha vontade de correr e foi o primeiro ato que fez quando se viu fora de casa e do convento”, afirmou a juíza.

Behrends, que é homossexual e educador, ressaltou que os padrões sociais continuam sendo perpetuados, impedindo que as pessoas sejam quem realmente são.

“Na nossa verdadeira essência, que não tem a ver com esses padrões e requisitos que precisamos cumprir, é onde estão nossos talentos, que manifestamos como seres humanos. Esses padrões limitantes nos castram e nos afastam da nossa verdadeira essência”, afirmou. 

Veja a live na íntegra:
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