02 de dezembro de 2022 . 13:31

Juízes e ex-alunos dos autores prestigiam lançamento de livros pela AMATRA1

O lançamento de dois livros pela AMATRA1, nesta quinta-feira (1º), contou com a presença de juízes, juízas e ex-alunos para prestigiarem os autores na Biblioteca Ministro Carvalho Júnior do TRT-1. As obras tratam da temática feminina, ao abordarem preconceitos e a realidade, a partir do ponto de vista filosófico e sociológico. 

Uma das obras lançadas foi a de Shirley Silveira Andrade, intitulada "A Mulher Negra no Mercado de Trabalho: Condições Escravistas das Trabalhadoras Domésticas”, que foi um resultado de pesquisas na área. Shirley Silveira Andrade é pesquisadora e professora de Direito e Serviço Social da Universidade Federal de Sergipe (UFS).

A escritora agradeceu a presença de todos que compareceram e também o convite da 2ª diretora Cultural da AMATRA1, Daniela Muller, para o lançamento. “Grata por lançar o livro junto com o professor Alexandre, que tem a temática relacionada a questões raciais e de gênero”, afirmou.

A outra obra foi a “Teologia das Encruzilhadas: Feminismo e Mística Decolonial nas Pombagiras de Umbanda”, do professor de Filosofia do Colégio Pedro II e da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), Alexandre Marques Cabral, que já deu aulas de Filosofia na Escola Judicial através da AMATRA1. “Tenho muitas amizades aqui, então é uma ocasião para matar a saudade. Estar aqui, pra mim, é um grande privilégio”.

A doutoranda na Universidade Federal Fluminense (UFF) Fernanda Chaves Vasconcelos esteve no lançamento. Fernanda foi ouvinte no curso telepresencial “Escravidão e Exclusão Social”, que Shirley ministrou. A aluna veio prestigiar o lançamento e conhecer presencialmente a professora. “Hoje em dia participamos do mesmo grupo de pesquisa. Soube do lançamento e fiz de tudo pra conseguir vir pra dar um abraço nela”, declarou.

Com seu exemplar autografado em mãos, Fernanda afirma que “a leitura será agradável pela qualidade da escrita, mas, por outro lado, também será muito intensa porque é um tema muito pesado que faz parte da nossa realidade. Estou com muita expectativa”. 

Outra aluna de Shirley também esteve no evento. Marina dos Santos Lima é de Sergipe, onde teve aulas com a professora que também a orientou no trabalho de conclusão do curso de Direito. Hoje, já formada, a advogada trabalhista mora no Rio de Janeiro e faz mestrado na UFF. A mestranda revela a sua admiração pela professora. “Meu objeto de pesquisa foi inspirado nela, que é o tema das trabalhadoras domésticas. Foi através do envolvimento com a pesquisa dela que eu me interessei por isso. Hoje, meu estudo é focado em empregadas domésticas que são mães”, disse.

De acordo com Shirley Andrade, a sua obra “surgiu de uma inquietação dos pesquisadores e pesquisadoras em relação aos dados oficiais de resgate de escravização. As especificidades do trabalho doméstico são tão grandes que acabam, de certa forma, dando uma invisibilidade dessa questão”, disse.

Shirley autografando o livro para Marina

Segundo o autor Alexandre Marques Cabral, “é um livro que resulta de quatro anos de pesquisa com um tema meio amaldiçoado no Brasil, que é a questão de uma figura de Umbanda feminina. Ela assume um protagonismo numa condição de sexualização e, ao mesmo tempo, de uma afirmação de identidade de gênero, que são conhecidas como as Pombagiras. Trazer essas vozes para um espaço que luta por Justiça, no âmbito do Trabalho, é um privilégio. Espero que essa pesquisa possa beneficiar futuras pesquisadoras e pesquisadores, que possam encarnar um pouco de Pombagiras”, afirmou.

A 2ª diretora Cultural da AMATRA1, Daniela Muller, foi uma das organizadoras do evento e comentou as duas obras. “É muito significativo que as empregadas domésticas tenham sido a última categoria a conseguir igualar os direitos trabalhistas. Quando a CLT entrou em vigor, ela excluiu textualmente as trabalhadoras domésticas. E sabemos que é um trabalho que existe há muito tempo. Já o estudo do professor Alexandre fala sobre vários preconceitos, que certamente levaram a mulher a ter barreiras sociais. Trazer essas temáticas para dentro do Tribunal é muito importante.”

Exemplares dos livros lançados foram doados pelos autores para o acervo da Biblioteca. Na ocasião, também foram doados os livros: “Representação Judicial do Trabalho Escravo Contemporâneo: Compreendendo a Construção da Jurisprudência Através da Linguagem”, da diretora Cultural da AMATRA1, Daniela Muller, e “Direito e Desigualdade: Uma Análise da Discriminação das Mulheres no Mercado de Trabalho a Partir dos Usos dos Tempos”, da 1ª diretora de Cidadania e Direitos Humanos da associação, Bárbara Ferrito. 

Os livros "A Mulher Negra no Mercado de Trabalho: Condições Escravistas das Trabalhadoras Domésticas” e “Teologia das Encruzilhadas: Feminismo e mística decolonial nas Pombagiras de Umbanda” podem ser adquiridos no site da Amazon. 

Livros doados para a Biblioteca

Biblioteca Ministro Carvalho Júnior

A biblioteca foi reinaugurada em outubro de 2022 no térreo do TRT-1, na Rua do Lavradio, 132. Anteriormente, o espaço funcionava na Av. Presidente Antônio Carlos, 251. A biblioteca é aberta para magistrados e servidores do TRT-1 e também para o público externo.

A 1ª diretora Cultural, Helen Peixoto, esteve presente no evento de lançamento dos livros e comentou sobre o novo espaço. “A biblioteca é uma possibilidade de um lugar reservado para estudos e pesquisas. E acho que a maioria do público ainda não conhece. O lançamento dos livros trouxe essa possibilidade de as pessoas conhecerem. Para quem quer se aprofundar nos temas das obras, é uma possibilidade de terem livros que estão superatualizados e trazem uma abordagem filosófica e social a respeito dos Direitos Trabalhistas e do Direito da Mulher”, afirmou.

O 3º diretor de Prerrogativas e Direitos da AMATRA1, Flávio Alves Pereira, também compareceu. “É importante eventos de divulgação de uma literatura não ligada diretamente ao Direito para ampliar o nosso acesso à informação. Os juízes têm que conhecer além do Direito. Então, quanto mais a gente tem acesso a estilos, obras e gêneros diferentes, mais estamos capacitados para julgar”, afirmou. 

Novas instalações da Biblioteca na Rua do Lavradio, 132 < VOLTAR