21 de setembro de 2020 . 11:48
Live da AMATRA1 discute pré-julgamentos no filme ‘Culpa’
É possível construir narrativas de maneira puramente científica, neutra, afastada e técnica? Como anular traumas, medos e culpas pessoais para exercer a atividade profissional? Esses questionamentos foram levantados pelo professor de Direito Ricardo Araujo Dib Taxi e pelo desembargador aposentado do TRT-3 (MG) e professor da PUC-Minas Márcio Túlio Viana, na live cultural da AMATRA1 sobre o filme “Culpa”. O encontro foi mediado pelo desembargador do TRT-17 (ES) Cláudio Couce, na sexta-feira (18), e está disponível no canal da associação no YouTube e no Facebook.
O suspense mostra a saga do policial Asger Holm (Jakob Cedergren) que, após atender o chamado de uma mulher sequestrada, faz de tudo para conseguir solucionar a ocorrência, mesmo com poucas informações disponíveis e sem poder sair de sua unidade.
No entanto, a culpa e os pré-conceitos que carrega por uma experiência passada não só o direciona para atitudes incertas, como também levam o espectador a acreditar em sua visão, afirmou Ricardo. “A narrativa do filme vai sendo construída na cabeça do protagonista e vamos seguindo as inclinações e o raciocínio dele e chegando a conclusões, assim como ele.”
Para Cláudio Couce, os espectadores são influenciados pela culpa do personagem, dividindo o “peso” do enredo criado com ele. “Assisti ao filme no cinema e saí da sala como saiu o policial, carregando culpas por ter seguido a mesma linha dele, ter feito aquele pré-julgamento e aquela pré-compreensão falha, incompleta e unilateral. Fiquei com raiva do diretor e do roteirista por ter caído nessa armadilha. É um filme fantástico”, disse.
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O professor Ricardo pontuou que as narrativas da prática jurídica se tornam inteligíveis através do encadeamento de fatos. E que todos os envolvidos nessa ação são atravessados por angústias, culpas, concepções prévias, medos e traumas que influenciam a percepção da realidade.
“A lição que tirei não é a de que temos que julgar e tomar decisões completamente livres dos nossos pré-conceitos, porque isso é impossível. A grande questão é trazermos à tona e não tentarmos esconder, como se fossemos puramente neutros. Precisamos nos dar conta que temos essa carga de passado, e tentar dialogar com isso. Enfrentar nossos monstros em vez de fingir que não existem”, completou.
O desembargador aposentado Márcio Túlio fez um paralelo entre o protagonista e a função dos magistrados, afirmando que ambos seguem protocolos em suas atividades. “Outro aspecto que me pareceu interessante é que ele é julgado o tempo todo, o que nos mostra que somos todos réus, do mesmo modo que somos autores e juízes. Isso também acontece na audiência. Pesam mil sentenças sobre o juiz e, na medida em que ele vai se movendo e construindo sua sentença, ele também está sendo julgado”, disse Márcio Túlio.
Veja a live na íntegra:
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O suspense mostra a saga do policial Asger Holm (Jakob Cedergren) que, após atender o chamado de uma mulher sequestrada, faz de tudo para conseguir solucionar a ocorrência, mesmo com poucas informações disponíveis e sem poder sair de sua unidade.
No entanto, a culpa e os pré-conceitos que carrega por uma experiência passada não só o direciona para atitudes incertas, como também levam o espectador a acreditar em sua visão, afirmou Ricardo. “A narrativa do filme vai sendo construída na cabeça do protagonista e vamos seguindo as inclinações e o raciocínio dele e chegando a conclusões, assim como ele.”
Para Cláudio Couce, os espectadores são influenciados pela culpa do personagem, dividindo o “peso” do enredo criado com ele. “Assisti ao filme no cinema e saí da sala como saiu o policial, carregando culpas por ter seguido a mesma linha dele, ter feito aquele pré-julgamento e aquela pré-compreensão falha, incompleta e unilateral. Fiquei com raiva do diretor e do roteirista por ter caído nessa armadilha. É um filme fantástico”, disse.
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O professor Ricardo pontuou que as narrativas da prática jurídica se tornam inteligíveis através do encadeamento de fatos. E que todos os envolvidos nessa ação são atravessados por angústias, culpas, concepções prévias, medos e traumas que influenciam a percepção da realidade.
“A lição que tirei não é a de que temos que julgar e tomar decisões completamente livres dos nossos pré-conceitos, porque isso é impossível. A grande questão é trazermos à tona e não tentarmos esconder, como se fossemos puramente neutros. Precisamos nos dar conta que temos essa carga de passado, e tentar dialogar com isso. Enfrentar nossos monstros em vez de fingir que não existem”, completou.
O desembargador aposentado Márcio Túlio fez um paralelo entre o protagonista e a função dos magistrados, afirmando que ambos seguem protocolos em suas atividades. “Outro aspecto que me pareceu interessante é que ele é julgado o tempo todo, o que nos mostra que somos todos réus, do mesmo modo que somos autores e juízes. Isso também acontece na audiência. Pesam mil sentenças sobre o juiz e, na medida em que ele vai se movendo e construindo sua sentença, ele também está sendo julgado”, disse Márcio Túlio.
Veja a live na íntegra:
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