01 de outubro de 2021 . 17:18

Livro que conta a história da atuação da AMATRA1 é digitalizado

O livro “História e histórias - AMATRA1”, que conta, por meio de relatos de ex-presidentes e diretores, a trajetória da associação até os seus 45 anos, ganhou versão digital. Publicado em 2008 e produzido pela Comissão Editorial formada pelos magistrados Eliete da Silva Telles, Gustavo Tadeu Alkmim, Luciana Gonçalves de Oliveira Pereira das Neves e Rosilda Lacerda Rocha, o projeto entrelaça o processo evolutivo da AMATRA1 ao contexto histórico e social do Brasil, com narrativa da jornalista Roberta Jansen.

A juíza do Trabalho Luciana Neves era a presidente da AMATRA1 à época da publicação. A magistrada relembra que a ideia foi inicialmente proposta pelo ex-presidente Claudio Montesso quando a entidade completou 40 anos, em 2003. “Logo no início de minha gestão, o amigo Tadeu Alkmim trouxe-me a lembrança. Considerando a proximidade dos 45 anos da AMATRA1, minha paixão pelos registros históricos e a importância de materializar os momentos significativos, aceitei o desafio e tive a aprovação da diretoria”, afirma.

E foi o propósito de manter viva a memória da AMATRA1 que motivou o desembargador Alkmim a dar continuidade à ideia e aceitar integrar a comissão. “Percebemos que muitos colegas que participaram de forma decisiva da trajetória da associação já haviam saído da atividade ou estavam perto de se aposentar, outros já haviam falecido. Então, notamos que tudo caminhava para que a história fosse esquecida, caso não fosse contada. Se não há registro, cai no esquecimento.”

Capa do livro ‘História e histórias - AMATRA1’, publicado em 2008

O grupo definiu o projeto editorial e gráfico, organizou os depoimentos e as entrevistas a serem feitas e o livro ganhou forma. “Traçamos uma linha do tempo da história da associação, correlacionando-a aos fatos mais marcantes de cada época do país, ilustradas com fotos significativas”, relata Eliete Telles. Todos os ex-presidentes vivos foram convidados, assim como diretores que se destacaram na função e uma das funcionárias da AMATRA1, Jane Dias de Araújo, que já estava na associação há 22 anos.

Segundo Luciana, o objetivo era mostrar, de forma realista, política e de boa leitura, as lutas, conquistas e dificuldades do que foi construir a entidade e o seu papel na história da Justiça do Trabalho, do Direito do Trabalho e da sociedade. “Fez-se necessário contar um pouco do que se vivia no País e no mundo naqueles 45 anos e como a AMATRA1 se posicionava. Para isso, dividimos o livro em períodos e contratamos a jornalista Roberta Jansen, a quem coube a narrativa histórica dos fatos de cada época, seguidos pelas narrativas dos colegas e algumas entrevistas.”

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Além de integrar a Comissão Editorial, Eliete participou da obra com um capítulo sobre seu período à frente da entidade, no biênio 1993-1995, que considera “um dos mais difíceis momentos político-institucionais da associação e da magistratura”. A união dos associados em espaço de independência e resistência ao arbítrio, à ilegalidade, às ameaças e perseguições aos colegas e à AMATRA1, e a atuação na defesa das prerrogativas e independência do Poder Judiciário diante da Revisão Constitucional no governo de Fernando Henrique Cardoso são algumas marcas de sua gestão, destacadas no livro.

“Os episódios do despejo da sede da AMATRA1, da proibição de uso da linha telefônica e dos descontos em folha das contribuições dos associados, perpetradas pela presidência do TRT-1 em 1994, mostraram a importância da independência e autonomia das associações para uma representação legítima e respeitada”, completou.

A ênfase de Alkmim, em seu capítulo, foi o processo de destacar o papel político da associação, que já vinha sendo efetivado nas gestões das juízas Maria Elisabeth Tude Junqueira Ayres, conhecida como Bisa, e Eliete. “Focamos menos nas questões sociais e recreativas, e mais no conteúdo de natureza política de atuação. Isso foi tema da campanha durante a disputa eleitoral, e procurei contar um pouco desta história. A AMATRA1 teve um papel decisivo na apuração de denúncias do então presidente do TRT-1 Mello Porto e envolvendo a prática de nomeação de classistas e diretores que eram de fora do quadro, por exemplo.”

O resultado final, indica Eliete, foi uma obra “com denso mas agradável resgate da memória da associação”. “Foi uma grande alegria ver a riqueza das histórias contadas pelos fundadores, ex-presidentes, diretores, secretária. Relatos de tempos difíceis, de poucos recursos, de tantas lutas, conquistas, do crescimento em força e representatividade, conquistadas com esforço, dedicação, trabalho e muito idealismo dos seus associados”, destaca.

Para Luciana, o livro possibilita um mergulho sobre “como tudo começou”, especialmente sobre o movimento associativo dos magistrados do Trabalho, já que a AMATRA1 foi a primeira entidade da classe. Além disso, evidencia sua evolução e crescente atuação no cenário nacional, principalmente com o fim do regime militar. “A obra revela que a associação sempre esteve em defesa da magistratura, sem deixar de lado a as lutas de autonomia e democratização do Poder Judiciário, por uma sociedade justa e igualitária, sem falar na defesa da Justiça do Trabalho, como justiça social e que procura atender as expectativas dos jurisdicionados.”

A formação, construção e atuação da AMATRA1, assim como sua história diretamente ligada à Justiça do Trabalho do Rio de Janeiro e ao movimento associativo nacional, estão presentes na obra, garante Alkmim. “É importante que isso seja registrado para os novos magistrados, para ficar de registro histórico, e também para que histórias não sejam repetidas. Sua relevância é tão grande que grande que, não por acaso, a diretoria atual está revisitando o livro. Quem sabe podemos pensar até em um projeto de continuar contando essa história a partir do último capítulo do livro”, sugere o desembargador.

Clique aqui para acessar o livro “História e histórias - AMATRA1”. A obra está disponível na área de publicações do site oficial da entidade. < VOLTAR