08 de março de 2022 . 14:39
Mulheres são principais vítimas do desemprego provocado pela pandemia

As mulheres foram as principais vítimas do desemprego provocado pela pandemia da Covid-19 na América Latina e no Caribe, segundo Nota Técnica publicada pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). No segundo trimestre de 2020, pior momento da crise, as mulheres dessa região do mundo perderam 23,6 milhões de postos de trabalho, dos quais 4,2 milhões ainda não haviam sido recuperados no final de 2021. O documento da OIT lembra que no caso dos homens, no mesmo período, os 26 milhões de empregos perdidos já foram quase totalmente recuperados.
“Neste 8 de março, Dia Internacional da Mulher, devemos ter em mente que estamos enfrentando um preocupante retrocesso na igualdade de gênero no trabalho e, portanto, a região precisa redobrar os esforços para recuperar o terreno perdido e gerar mais e melhores oportunidades de trabalho para as mulheres”, disse o diretor da OIT para a América Latina e Caribe, Vinícius Pinheiro.
A Nota Técnica da OIT “América Latina e Caribe: Políticas de Igualdade de Gênero e Mercado de Trabalho Durante a Pandemia”, que faz parte da série regional “Panorama Laboral em Tempos de Covid-19”, apresenta dados sobre a situação do emprego feminino e analisa as estratégias de diferentes países da região para tentar solucionar o problema.
“Dois anos atrás, quando a crise começou em meados de março de 2020, as mulheres foram afetadas por uma perda catastrófica de postos de trabalho e de renda. A desocupação feminina aumentou, mas o mais impactante foi a saída massiva da força de trabalho que levou as taxas de participação no trabalho para níveis não vistos há duas décadas”, comentou Pinheiro.
A taxa de participação regional das mulheres, em torno de 41% no início da década de 1990, aumentou de forma constante para 52,3% em 2019. Em 2020, caiu para 47%, embora naquele ano a média regional tenha atingido 43%. Em 2021, a taxa de participação teve recuperação insuficiente: subiu para 49,7%, 2,5 pontos percentuais abaixo dos níveis pré-pandemia.
Além disso, no terceiro trimestre de 2021, a taxa média de desocupação para as mulheres foi 12,4%, a mesma de 2020, o que é um sinal de que não houve melhora e que deve cair significativamente para retornar à taxa de 9,7% de 2019. A taxa está acima da taxa geral de desocupação de 10% e de 8,3% da taxa para os homens.
Em sua análise, a OIT destaca que as medidas adotadas pelos governos para enfrentar a pandemia, como o fechamento de escolas, tiveram impacto negativo na participação feminina no trabalho. Somando a isso, os setores nos quais as medidas de isolamento social tiveram maior impacto (comércio, restaurantes e hotelaria, atividades de lazer, entre outros) são intensivos em mão de obra feminina. O impacto também foi maior no emprego informal e nas micro, pequenas e médias empresas, onde também predomina o emprego feminino. O trabalho doméstico, no qual 91% do emprego é feminino e 72% é informal, foi afetado por consideráveis perdas de empregos.
“A pandemia exacerbou as desigualdades estruturais existentes. Mulheres rurais, chefes de família com crianças pequenas, aquelas com menos formação e educação, mulheres indígenas e afrodescendentes foram as mais afetadas. As disparidades de gênero, tanto na participação quanto na renda, são persistentes em mulheres de menor renda e menor escolaridade”, comentou a especialista regional em Economia do Trabalho da OIT, Roxana Maurizio.
O estudo da OIT analisa também as políticas e medidas do mercado de trabalho adotadas para mitigar os efeitos perniciosos da pandemia e para a recuperação, com foco específico naquelas que adotam uma perspectiva de gênero. “As considerações sobre igualdade de gênero devem ser um componente intrínseco do desenho, elaboração, aplicação e análise dos resultados de todos os programas e estratégias, políticas, leis e regulamentos implementados durante a pandemia e na fase de recuperação”, destaca a Nota Técnica da OIT.
O estudo ressalta que as medidas setoriais de estímulo para consolidar a recuperação, especialmente nos setores com maior proporção de mulheres trabalhadoras, não devem ser retiradas de imediato. As medidas de transferência de renda ou os auxílios em dinheiro também não devem ser retirados, para garantir as condições mínimas que permitam sustentar o crescimento do emprego.
O documento acrescenta que o investimento em qualificação profissional é essencial tanto para a geração de melhores empregos quanto para a plena inserção da mulher no mercado de trabalho. O reforço na capacitação das mulheres para desenvolver as suas condições de empregabilidade e a reconversão e adaptação para que elas entrem no mundo da economia digital são fundamentais para a recuperação com uma perspectiva de gênero. < VOLTAR
“Neste 8 de março, Dia Internacional da Mulher, devemos ter em mente que estamos enfrentando um preocupante retrocesso na igualdade de gênero no trabalho e, portanto, a região precisa redobrar os esforços para recuperar o terreno perdido e gerar mais e melhores oportunidades de trabalho para as mulheres”, disse o diretor da OIT para a América Latina e Caribe, Vinícius Pinheiro.
A Nota Técnica da OIT “América Latina e Caribe: Políticas de Igualdade de Gênero e Mercado de Trabalho Durante a Pandemia”, que faz parte da série regional “Panorama Laboral em Tempos de Covid-19”, apresenta dados sobre a situação do emprego feminino e analisa as estratégias de diferentes países da região para tentar solucionar o problema.
“Dois anos atrás, quando a crise começou em meados de março de 2020, as mulheres foram afetadas por uma perda catastrófica de postos de trabalho e de renda. A desocupação feminina aumentou, mas o mais impactante foi a saída massiva da força de trabalho que levou as taxas de participação no trabalho para níveis não vistos há duas décadas”, comentou Pinheiro.
A taxa de participação regional das mulheres, em torno de 41% no início da década de 1990, aumentou de forma constante para 52,3% em 2019. Em 2020, caiu para 47%, embora naquele ano a média regional tenha atingido 43%. Em 2021, a taxa de participação teve recuperação insuficiente: subiu para 49,7%, 2,5 pontos percentuais abaixo dos níveis pré-pandemia.
Além disso, no terceiro trimestre de 2021, a taxa média de desocupação para as mulheres foi 12,4%, a mesma de 2020, o que é um sinal de que não houve melhora e que deve cair significativamente para retornar à taxa de 9,7% de 2019. A taxa está acima da taxa geral de desocupação de 10% e de 8,3% da taxa para os homens.
Em sua análise, a OIT destaca que as medidas adotadas pelos governos para enfrentar a pandemia, como o fechamento de escolas, tiveram impacto negativo na participação feminina no trabalho. Somando a isso, os setores nos quais as medidas de isolamento social tiveram maior impacto (comércio, restaurantes e hotelaria, atividades de lazer, entre outros) são intensivos em mão de obra feminina. O impacto também foi maior no emprego informal e nas micro, pequenas e médias empresas, onde também predomina o emprego feminino. O trabalho doméstico, no qual 91% do emprego é feminino e 72% é informal, foi afetado por consideráveis perdas de empregos.
“A pandemia exacerbou as desigualdades estruturais existentes. Mulheres rurais, chefes de família com crianças pequenas, aquelas com menos formação e educação, mulheres indígenas e afrodescendentes foram as mais afetadas. As disparidades de gênero, tanto na participação quanto na renda, são persistentes em mulheres de menor renda e menor escolaridade”, comentou a especialista regional em Economia do Trabalho da OIT, Roxana Maurizio.
O estudo da OIT analisa também as políticas e medidas do mercado de trabalho adotadas para mitigar os efeitos perniciosos da pandemia e para a recuperação, com foco específico naquelas que adotam uma perspectiva de gênero. “As considerações sobre igualdade de gênero devem ser um componente intrínseco do desenho, elaboração, aplicação e análise dos resultados de todos os programas e estratégias, políticas, leis e regulamentos implementados durante a pandemia e na fase de recuperação”, destaca a Nota Técnica da OIT.
O estudo ressalta que as medidas setoriais de estímulo para consolidar a recuperação, especialmente nos setores com maior proporção de mulheres trabalhadoras, não devem ser retiradas de imediato. As medidas de transferência de renda ou os auxílios em dinheiro também não devem ser retirados, para garantir as condições mínimas que permitam sustentar o crescimento do emprego.
O documento acrescenta que o investimento em qualificação profissional é essencial tanto para a geração de melhores empregos quanto para a plena inserção da mulher no mercado de trabalho. O reforço na capacitação das mulheres para desenvolver as suas condições de empregabilidade e a reconversão e adaptação para que elas entrem no mundo da economia digital são fundamentais para a recuperação com uma perspectiva de gênero. < VOLTAR
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