29 de abril de 2025 . 16:11
‘Nossa vida é moldada pelo trabalho’, afirma Daniela Muller no Bancário Pod+

A juíza Daniela Muller, presidenta da AMATRA1, participou do décimo episódio do Bancário Pod+, em que analisou a violência no trabalho, seus efeitos no dia a dia dos trabalhadores e as estratégias de enfrentamento no setor bancário e em outros segmentos. O programa, apresentado por Lorhana Amaral, que também contou com a presença de Joanderson Gomes da Silva, presidente do Sindicato dos Bancários de Itaperuna e Região e diretor jurídico da FETRAF RJ/ES.
Durante sua participação, Daniela Muller examinou as diferentes manifestações da violência no ambiente de trabalho, ressaltando como práticas abusivas comprometem a saúde física e mental dos empregados. A magistrada pontuou a necessidade de ações concretas para identificar e combater essas situações nas instituições, sobretudo no setor bancário, conhecido pela intensa cobrança por metas e produtividade.
“Toda a minha personalidade, o meu corpo físico, a minha saúde, o que penso, a maneira que me visto e o horário que vou comer. Tudo é modelado pelas nossas relações de trabalho”, afirmou. Para ela, essa dependência é o que justifica a criação do Direito do Trabalho e da Justiça do Trabalho como instrumentos de proteção diante das assimetrias de poder presentes nas relações laborais.
Joanderson Gomes da Silva tratou das dificuldades enfrentadas pelos bancários e das iniciativas promovidas pelo sindicato para apoiar os trabalhadores em situações de assédio e abuso.
O diretor afirmou que bancários são submetidos a metas abusivas e inalcançáveis, sofrem cobranças fora do expediente e são expostos a rankings públicos que geram constrangimento. Entre os impactos físicos e mentais relatados, estão altos índices de LER/DORT (Lesões por Esforço Repetitivo/Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho) com sofrimento psíquico grave, uso de medicamentos controlados, piora geral da saúde após início do trabalho e sintomas de esgotamento físico e mental.
A magistrada classificou os acidentes de trabalho, as doenças ocupacionais, o assédio moral, o assédio sexual e o preconceito como formas de violência recorrentes no ambiente de trabalho, que muitas vezes não são reconhecidas de imediato como agressões, mas que têm efeitos profundos e contínuos sobre a vida dos trabalhadores. Ela ressaltou que a precarização é ainda mais acentuada entre trabalhadores terceirizados, expostos a condições mais frágeis e a maior insegurança jurídica.
A presidenta também alertou para o desconhecimento dos trabalhadores sobre seus direitos, especialmente no que diz respeito à estabilidade no emprego em caso de incapacidade.
“Trabalhadores e trabalhadoras não podem ser demitidos quando eles têm atestado de que estão incapacitados”, explicou. Nesses casos, o correto é o encaminhamento à Previdência Social para avaliação de benefícios ou possibilidade de readequação de função.
“Infelizmente, o Judiciário Trabalhista atua quando a lesão já aconteceu. Não sofra sozinho ou sozinha. Provavelmente colegas de trabalho estão passando por uma situação semelhante. Procure o sindicato ou espaços em que realmente tenha condições. Não deixe de buscar, porque muitas vezes a pessoa tem muito receio por conta da pressão e ameaça de demissão. Se não enfrentarmos, esses abusos só vão aumentar. É sempre através da luta que conseguimos nos fortalecer e obter a reparação”, orientou.
O podcast consolidou a discussão sobre violência no trabalho como uma pauta urgente para além do setor financeiro, apontando a necessidade de articulação entre sindicatos, Justiça do Trabalho e sociedade civil para efetivar mudanças estruturais.
Foto de capa: frame do episódio 10 do Bancário Pod+/Fetraf RJ ES.
Leia mais: Valter Pugliesi assume presidência da Anamatra para o biênio 2025/2027
CNJ faz pesquisa sobre violência doméstica contra mulheres do Judiciário
Webinário do TST apresenta 18 novas teses jurídicas < VOLTAR
Durante sua participação, Daniela Muller examinou as diferentes manifestações da violência no ambiente de trabalho, ressaltando como práticas abusivas comprometem a saúde física e mental dos empregados. A magistrada pontuou a necessidade de ações concretas para identificar e combater essas situações nas instituições, sobretudo no setor bancário, conhecido pela intensa cobrança por metas e produtividade.
“Toda a minha personalidade, o meu corpo físico, a minha saúde, o que penso, a maneira que me visto e o horário que vou comer. Tudo é modelado pelas nossas relações de trabalho”, afirmou. Para ela, essa dependência é o que justifica a criação do Direito do Trabalho e da Justiça do Trabalho como instrumentos de proteção diante das assimetrias de poder presentes nas relações laborais.
Joanderson Gomes da Silva tratou das dificuldades enfrentadas pelos bancários e das iniciativas promovidas pelo sindicato para apoiar os trabalhadores em situações de assédio e abuso.
O diretor afirmou que bancários são submetidos a metas abusivas e inalcançáveis, sofrem cobranças fora do expediente e são expostos a rankings públicos que geram constrangimento. Entre os impactos físicos e mentais relatados, estão altos índices de LER/DORT (Lesões por Esforço Repetitivo/Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho) com sofrimento psíquico grave, uso de medicamentos controlados, piora geral da saúde após início do trabalho e sintomas de esgotamento físico e mental.
A magistrada classificou os acidentes de trabalho, as doenças ocupacionais, o assédio moral, o assédio sexual e o preconceito como formas de violência recorrentes no ambiente de trabalho, que muitas vezes não são reconhecidas de imediato como agressões, mas que têm efeitos profundos e contínuos sobre a vida dos trabalhadores. Ela ressaltou que a precarização é ainda mais acentuada entre trabalhadores terceirizados, expostos a condições mais frágeis e a maior insegurança jurídica.
A presidenta também alertou para o desconhecimento dos trabalhadores sobre seus direitos, especialmente no que diz respeito à estabilidade no emprego em caso de incapacidade.
“Trabalhadores e trabalhadoras não podem ser demitidos quando eles têm atestado de que estão incapacitados”, explicou. Nesses casos, o correto é o encaminhamento à Previdência Social para avaliação de benefícios ou possibilidade de readequação de função.
“Infelizmente, o Judiciário Trabalhista atua quando a lesão já aconteceu. Não sofra sozinho ou sozinha. Provavelmente colegas de trabalho estão passando por uma situação semelhante. Procure o sindicato ou espaços em que realmente tenha condições. Não deixe de buscar, porque muitas vezes a pessoa tem muito receio por conta da pressão e ameaça de demissão. Se não enfrentarmos, esses abusos só vão aumentar. É sempre através da luta que conseguimos nos fortalecer e obter a reparação”, orientou.
O podcast consolidou a discussão sobre violência no trabalho como uma pauta urgente para além do setor financeiro, apontando a necessidade de articulação entre sindicatos, Justiça do Trabalho e sociedade civil para efetivar mudanças estruturais.
Foto de capa: frame do episódio 10 do Bancário Pod+/Fetraf RJ ES.
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