17 de março de 2025 . 14:34
‘Precisamos de menos agronegócio e mais agricultura’, afirma Renato Abreu

Após a aposentadoria, o juiz Renato Abreu Paiva encontrou um novo propósito no cultivo de ervas aromáticas e medicinais, com foco em práticas agrícolas sustentáveis. Ao lado da esposa Isabella Carneiro, agrônoma e nutricionista, ele expandiu um projeto rural que visa a produção de óleos essenciais e outros produtos naturais.
“Precisamos de menos agronegócio e mais agricultura”, afirmou Renato Abreu, associado da AMATRA1, observando que as mudanças climáticas já têm impacto na disponibilidade de água, no aumento das temperaturas e na produção de alimentos. Para ele, a valorização de práticas agrícolas sustentáveis é essencial para garantir um equilíbrio entre o meio ambiente e a qualidade de vida das pessoas.
Renato Abreu atuou na magistratura do TRT-1 (Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região) por 25 anos. Ingressou como juiz substituto em julho de 1998, permanecendo no cargo até setembro de 2007. Em seguida, assumiu a titularidade da 1ª Vara do Trabalho de Angra dos Reis, onde permaneceu até junho de 2012.
Posteriormente, atuou na 5ª Vara do Trabalho de Nova Iguaçu, de junho de 2012 a abril de 2016. Sua última lotação foi na 3ª Vara do Trabalho de Volta Redonda, onde exerceu a função de juiz titular de 11 de abril de 2016 até sua aposentadoria, em agosto de 2023.
A seguir, entrevista com Renato Abreu
AMATRA1: O que despertou seu interesse pelo cultivo de ervas aromáticas ou medicinais após a aposentadoria?
Renato Abreu: Fui criado em uma pequena cidade do interior, onde muitas vezes os chás substituíam os remédios alopáticos e muitos perfumes eram extraídos da natureza.
Sempre tive muito contato com a natureza, adorava, e ainda adoro, acampar e “andar no mato”.
Em 2011, iniciei com minha esposa, que é agrônoma e nutricionista, um projeto com a aquisição de uma pequena área rural, a 1.500 metros de altitude, em uma cidade próxima de onde moravam nossas famílias, no Sul de Minas.
O projeto cresceu em 2016/2017 com a ampliação área rural e, a partir de 2020, iniciamos a implantação de um pequeno olival e a plantação de muitas plantas aromáticas e medicinais, entre as quais lavanda, capim-limão, vetiver, patchouli, erva-luísa, erva baleeira, melaleuca, entre outras.
AMATRA1: Como o senhor enxerga a relação entre o cuidado com a natureza e o bem-estar pessoal?
Renato Abreu: São cuidados inter-relacionados. Você não consegue ter apenas cuidado pessoal se não cuidar da natureza. E vice-versa.
Em tempos de mudança climática, essa relação fica ainda mais forte, pois estamos percebendo uma alteração significativa na disponibilidade de água, no aumento das temperaturas médias e na própria produção de alimentos.
Precisamos de menos agronegócio e mais agricultura.
AMATRA1: Há alguma história curiosa ou aprendizado que gostaria de compartilhar sobre sua nova rotina?
Renato Abreu: Bom, temos muito a aprender com as pessoas mais simples do campo, pois elas têm um conhecimento empírico que a gente, que veio de um mundo mais acadêmico, não tem. Então, a lição é humildade.
E descobri que as camisas sociais de algodão, com mangas compridas, são ótimas para se usar na roça, especialmente nos dias de muito sol.
AMATRA1: Você acredita que esse novo foco na agricultura tem relação com sua trajetória como magistrado?
Renato Abreu: Talvez no relacionamento interpessoal, na capacidade de se comunicar com todos os tipos de pessoas, sejam elas mais simples ou muito instruídas.
AMATRA1: Quais são seus planos futuros para essa atividade?
Renato Abreu: Pretendo começar a produzir, além de azeite — ainda que essa atividade vá demorar uns 3 ou 4 anos, quando as oliveiras entrarão na fase produtiva —, óleos essenciais das plantas aromáticas e medicinais, bem como começar a atuar com minha esposa no tingimento natural e na impressão botânica em tecidos.
Já compartilho essa atividade, de maneira informal, com amigos, mas não descarto a possibilidade de, no futuro, abrir essas vivências para outras pessoas.
AMATRA1: Quais os conselhos o senhor daria para os magistrados ainda em atuação?
Renato Abreu: Especialmente para aqueles que não tenham pretensão de advogar depois da aposentadoria, recomendo que diversifiquem seus interesses, abram seus horizontes. Tenham planos A, B, C e muitos mais. E nunca deixem de sonhar.
Foto de capa: Renato Paiva e a esposa Isabella plantando olival/Arquivo pessoal.
Leia mais: “Nosso tribunal ainda é uma ‘casa dos homens’?”, diz Daniela Muller na Ejud1
Astrid Britto celebra conquistas femininas na despedida da magistratura
Ato Público no TRT-1 marca campanha contra trabalho infantil no Carnaval < VOLTAR
“Precisamos de menos agronegócio e mais agricultura”, afirmou Renato Abreu, associado da AMATRA1, observando que as mudanças climáticas já têm impacto na disponibilidade de água, no aumento das temperaturas e na produção de alimentos. Para ele, a valorização de práticas agrícolas sustentáveis é essencial para garantir um equilíbrio entre o meio ambiente e a qualidade de vida das pessoas.
Renato Abreu atuou na magistratura do TRT-1 (Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região) por 25 anos. Ingressou como juiz substituto em julho de 1998, permanecendo no cargo até setembro de 2007. Em seguida, assumiu a titularidade da 1ª Vara do Trabalho de Angra dos Reis, onde permaneceu até junho de 2012.
Posteriormente, atuou na 5ª Vara do Trabalho de Nova Iguaçu, de junho de 2012 a abril de 2016. Sua última lotação foi na 3ª Vara do Trabalho de Volta Redonda, onde exerceu a função de juiz titular de 11 de abril de 2016 até sua aposentadoria, em agosto de 2023.
A seguir, entrevista com Renato Abreu
AMATRA1: O que despertou seu interesse pelo cultivo de ervas aromáticas ou medicinais após a aposentadoria?
Renato Abreu: Fui criado em uma pequena cidade do interior, onde muitas vezes os chás substituíam os remédios alopáticos e muitos perfumes eram extraídos da natureza.
Sempre tive muito contato com a natureza, adorava, e ainda adoro, acampar e “andar no mato”.
Em 2011, iniciei com minha esposa, que é agrônoma e nutricionista, um projeto com a aquisição de uma pequena área rural, a 1.500 metros de altitude, em uma cidade próxima de onde moravam nossas famílias, no Sul de Minas.
O projeto cresceu em 2016/2017 com a ampliação área rural e, a partir de 2020, iniciamos a implantação de um pequeno olival e a plantação de muitas plantas aromáticas e medicinais, entre as quais lavanda, capim-limão, vetiver, patchouli, erva-luísa, erva baleeira, melaleuca, entre outras.
AMATRA1: Como o senhor enxerga a relação entre o cuidado com a natureza e o bem-estar pessoal?
Renato Abreu: São cuidados inter-relacionados. Você não consegue ter apenas cuidado pessoal se não cuidar da natureza. E vice-versa.
Em tempos de mudança climática, essa relação fica ainda mais forte, pois estamos percebendo uma alteração significativa na disponibilidade de água, no aumento das temperaturas médias e na própria produção de alimentos.
Precisamos de menos agronegócio e mais agricultura.
AMATRA1: Há alguma história curiosa ou aprendizado que gostaria de compartilhar sobre sua nova rotina?
Renato Abreu: Bom, temos muito a aprender com as pessoas mais simples do campo, pois elas têm um conhecimento empírico que a gente, que veio de um mundo mais acadêmico, não tem. Então, a lição é humildade.
E descobri que as camisas sociais de algodão, com mangas compridas, são ótimas para se usar na roça, especialmente nos dias de muito sol.
AMATRA1: Você acredita que esse novo foco na agricultura tem relação com sua trajetória como magistrado?
Renato Abreu: Talvez no relacionamento interpessoal, na capacidade de se comunicar com todos os tipos de pessoas, sejam elas mais simples ou muito instruídas.
AMATRA1: Quais são seus planos futuros para essa atividade?
Renato Abreu: Pretendo começar a produzir, além de azeite — ainda que essa atividade vá demorar uns 3 ou 4 anos, quando as oliveiras entrarão na fase produtiva —, óleos essenciais das plantas aromáticas e medicinais, bem como começar a atuar com minha esposa no tingimento natural e na impressão botânica em tecidos.
Já compartilho essa atividade, de maneira informal, com amigos, mas não descarto a possibilidade de, no futuro, abrir essas vivências para outras pessoas.
AMATRA1: Quais os conselhos o senhor daria para os magistrados ainda em atuação?
Renato Abreu: Especialmente para aqueles que não tenham pretensão de advogar depois da aposentadoria, recomendo que diversifiquem seus interesses, abram seus horizontes. Tenham planos A, B, C e muitos mais. E nunca deixem de sonhar.
Foto de capa: Renato Paiva e a esposa Isabella plantando olival/Arquivo pessoal.
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