29 de julho de 2020 . 16:06
Viver uma pandemia é traumatizante, diz psicanalista Carolina Sanglard

As mudanças geradas pela pandemia da Covid-19 têm impactado a vida de pessoas em todo o mundo. Em alerta, a Organização Mundial da Saúde (OMS) indicou a possível proximidade de uma crise de saúde mental devido ao contato com a doença, a morte, o isolamento social e a apreensão. Comparando a um cenário de guerra, a psicanalista e psicóloga Carolina Sanglard, conveniada à AMATRA1, afirmou que viver uma pandemia “é traumatizante”.
“A experiência é atravessada por algo que nós não conseguimos dar uma narrativa, não conseguimos inscrever dentro de nós, similar à época das guerras. Não podemos sair de casa, se não ‘bombas’ cairão sobre nós. Não podemos enterrar nossos mortos e não podemos compreender direito este ‘inimigo invisível’”, disse.
Apesar de manter o contato de familiares e amigos durante a quarentena, essencial para frear a disseminação do novo coronavírus, a maior conexão em redes sociais pode ser uma das fontes de conflitos, alertou a profissional, membro associado da Sociedade de Psicanálise Iracy Doyle (SPID).
Leia mais: Live cultural da AMATRA1 vai debater o documentário ‘Menino 23’
Webinar internacional abordará o acesso à Justiça no mundo contemporâneo
TRT-1 regulamenta atendimento aos usuários do PJe e do Sapweb
“Há um algorítmo que faz com que você só veja o que você pensa, quer ou acredita. O mundo virtual hoje é um grande espelho de nós mesmos. Portanto, o confinamento está causando um contato consigo mesmo que está sendo muito difícil para muitas pessoas. Está trazendo muitas repercussões, como, por exemplo, uma solidão absoluta, mesmo tendo 1 milhão de ‘amigos’, seguidores e likes.”
Carolina pontuou que o atual cenário pode piorar sintomas de transtornos psicológicos. Para evitar o adoecimento ou o agravamento dos quadros durante a crise e, principalmente, melhorar a qualidade de vida, ela destacou ser importante “ter um espaço particular” para pensar sobre si. “Um exemplo deste espaço pode ser através da Psicanálise, criando uma forma singularizada de lidar com os conflitos emocionais.”
Carolina Sanglard fala à AMATRA1 sobre impacto da pandemia na saúde mental. Arquivo pessoal.
Tratamento terapêutico para transformações pessoais
Alguns sintomas ligados a transtornos mentais e comportamentais - como episódios depressivos, transtorno afetivo bipolar e transtornos ansiosos, por exemplo - são a perda da autoestima, ideias de desvalia e/ou culpa, sono perturbado, irritabilidade, inquietação, fadiga, mudanças de humor repentinas, euforia, perda de interesse ou prazer nas atividades, entre outros. No entanto, Carolina ressaltou que a clínica psicanalítica “enxerga o sujeito a partir de sua singularidade”, independentemente da presença de sintomas.
“Em minha prática clínica, entendo que qualquer dor ou sofrimento repetitivo merece atenção, e isso já configura um facilitador da percepção de que algo deveria ser tratado. Desta forma, a Psicanálise aposta que há espaço para qualquer pessoa que deseja uma transformação subjetiva, com ou sem algum mal-estar específico”, disse.
Embora os tratamentos medicamentosos sejam importantes em algumas situações, a terapia com profissionais qualificados é a melhor saída para cuidar da saúde mental a longo prazo.
“A química, mal ou bem, acaba tendo uma função de anestesiar o problema. Em situações graves, as medicações são fundamentais, porém, se interromper o medicamento, os sintomas retornarão. O tratamento terapêutico, no caso, a Psicanálise, faz com que o sujeito não perca o contato com este ‘algo’ seu que insiste. Ao colocar luz neste sintoma, o sujeito, como um artesão, faz da própria vida uma obra de arte, como diz o filósofo Michel Foucault. Daí as transformações pessoais têm potencial consistente e sustentável.”
*Foto: Bruna Araujo/Unsplash < VOLTAR
“A experiência é atravessada por algo que nós não conseguimos dar uma narrativa, não conseguimos inscrever dentro de nós, similar à época das guerras. Não podemos sair de casa, se não ‘bombas’ cairão sobre nós. Não podemos enterrar nossos mortos e não podemos compreender direito este ‘inimigo invisível’”, disse.
Apesar de manter o contato de familiares e amigos durante a quarentena, essencial para frear a disseminação do novo coronavírus, a maior conexão em redes sociais pode ser uma das fontes de conflitos, alertou a profissional, membro associado da Sociedade de Psicanálise Iracy Doyle (SPID).
Leia mais: Live cultural da AMATRA1 vai debater o documentário ‘Menino 23’
Webinar internacional abordará o acesso à Justiça no mundo contemporâneo
TRT-1 regulamenta atendimento aos usuários do PJe e do Sapweb
“Há um algorítmo que faz com que você só veja o que você pensa, quer ou acredita. O mundo virtual hoje é um grande espelho de nós mesmos. Portanto, o confinamento está causando um contato consigo mesmo que está sendo muito difícil para muitas pessoas. Está trazendo muitas repercussões, como, por exemplo, uma solidão absoluta, mesmo tendo 1 milhão de ‘amigos’, seguidores e likes.”
Carolina pontuou que o atual cenário pode piorar sintomas de transtornos psicológicos. Para evitar o adoecimento ou o agravamento dos quadros durante a crise e, principalmente, melhorar a qualidade de vida, ela destacou ser importante “ter um espaço particular” para pensar sobre si. “Um exemplo deste espaço pode ser através da Psicanálise, criando uma forma singularizada de lidar com os conflitos emocionais.”

Tratamento terapêutico para transformações pessoais
Alguns sintomas ligados a transtornos mentais e comportamentais - como episódios depressivos, transtorno afetivo bipolar e transtornos ansiosos, por exemplo - são a perda da autoestima, ideias de desvalia e/ou culpa, sono perturbado, irritabilidade, inquietação, fadiga, mudanças de humor repentinas, euforia, perda de interesse ou prazer nas atividades, entre outros. No entanto, Carolina ressaltou que a clínica psicanalítica “enxerga o sujeito a partir de sua singularidade”, independentemente da presença de sintomas.
“Em minha prática clínica, entendo que qualquer dor ou sofrimento repetitivo merece atenção, e isso já configura um facilitador da percepção de que algo deveria ser tratado. Desta forma, a Psicanálise aposta que há espaço para qualquer pessoa que deseja uma transformação subjetiva, com ou sem algum mal-estar específico”, disse.
Embora os tratamentos medicamentosos sejam importantes em algumas situações, a terapia com profissionais qualificados é a melhor saída para cuidar da saúde mental a longo prazo.
“A química, mal ou bem, acaba tendo uma função de anestesiar o problema. Em situações graves, as medicações são fundamentais, porém, se interromper o medicamento, os sintomas retornarão. O tratamento terapêutico, no caso, a Psicanálise, faz com que o sujeito não perca o contato com este ‘algo’ seu que insiste. Ao colocar luz neste sintoma, o sujeito, como um artesão, faz da própria vida uma obra de arte, como diz o filósofo Michel Foucault. Daí as transformações pessoais têm potencial consistente e sustentável.”
*Foto: Bruna Araujo/Unsplash < VOLTAR
- Últimas notícias
- 19 de janeiro de 2021 . 14:16Rio de Janeiro vive cenário preocupante com aumento de mortes por Covid-19
- 18 de janeiro de 2021 . 13:34Amatra 11 promove ação para ajudar hospitais de Manaus na crise da Covid-19
- 15 de janeiro de 2021 . 13:06Justiça do Trabalho está com inscrições abertas para remoção de magistrados
- 14 de janeiro de 2021 . 14:2120º Conamat é cancelado por agravamento da pandemia da Covid-19
- 13 de janeiro de 2021 . 13:47Veja como aderir ao grupo da Anamatra de ajuda mútua de pecúlio por morte
- mais lidas
- 19 de março de 2020 . 13:03Coronavírus: Juiz Marcelo Segal responde 10 dúvidas sobre questões trabalhistas
- 11 de setembro de 2019 . 18:01Desigualdade social no Brasil é abordada em documentário da Folha de S.Paulo
- 17 de junho de 2019 . 15:19TRT-1: Obrigar empregado a pagar custas se faltar à audiência é inconstitucional
- 30 de março de 2020 . 14:55TRT-1 expede mais de 7 mil alvarás e paga R$ 57 milhões, de 17 a 26 de março
- 17 de abril de 2020 . 16:40Recuperado da Covid-19, presidente do TRT-1 relata como enfrentou a doença