A nova Diretoria e o Conselho Fiscal da Associação Nacional das Magistradas e dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra) tomaram posse nesta quinta-feira (23), em Brasília. Valter Pugliesi assumiu a presidência da entidade ao lado de outros 16 integrantes, que comandarão a Associação no biênio 2025-2027, com a proposta de intensificar a atuação em defesa da Justiça do Trabalho. O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, participou da solenidade de posse da Anamatra, da qual é sócio honorário.
Durante a solenidade, Pugliesi falou sobre a responsabilidade de liderar a ANAMATRA, cuja missão vai além da defesa das garantias e interesses da magistratura, atuando também na valorização do trabalho humano, cidadania, justiça social e democracia.
“No horizonte imediato e de indelével prioridade, está a defesa do Direito do Trabalho, buscando o convencimento dos atores políticos e sociais quanto à importância da centralidade do trabalho na sua dimensão ética de dignificação do ser humano”, afirmou.
Acrescentou ainda que a defesa do Direito do Trabalho e da competência da Justiça do Trabalho são compromissos inegociáveis da atual gestão. Apontou desafios institucionais e corporativos recorrentes, como a manutenção da estrutura da Justiça do Trabalho, garantia orçamentária, defesa da sua existência frente a propostas de extinção e da sua competência ampliada pela Emenda Constitucional nº 45/2004, além da luta por uma política remuneratória justa e linear para ativos e aposentados.
O juiz Ronaldo da Silva Callado, ex-presidente da AMATRA1, assumirá a Diretoria de Comunicação Social da Anamatra. A nova composição da diretoria nacional contará com magistradas e magistrados de várias regiões do Brasil. Entre os integrantes já definidos estão ainda Marco Aurélio Marsiglia Treviso, Dayna Lannes Andrade, Marcus Menezes Barberino Mendes e Rossifran Trindade Souza.
Pugliesi foi presidente da Amatra 19 (AL) duas vezes
O juiz Valter Pugliesi, alagoano de Maceió, iniciou sua trajetória na Magistratura do Trabalho em 1997, atuando inicialmente no TRT da 6ª Região (PE). No mesmo ano, transferiu-se para o Tribunal Regional do Trabalho da 19ª Região (AL), onde atualmente é titular da 4ª Vara do Trabalho de Maceió.
Desde 2004, Pugliesi tem se destacado no movimento associativo, acumulando experiência em diversas funções. Foi presidente da Amatra 19 por dois mandatos e exerceu cargos importantes na Anamatra, como vice-presidente no biênio 2023-2025 e diretor nas áreas Legislativa, Administrativa, Financeira e de Informática. Formado em Direito pelo Centro de Estudos Superiores de Maceió, também possui especialização em Direito Constitucional do Trabalho pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Ele sucede a juíza Luciana Conforti, que esteve à frente da entidade nos últimos dois anos.
Durante a cerimônia, Luciana Conforti destacou com orgulho a mudança histórica do nome da Associação para incluir explicitamente “magistradas”, reforçando o compromisso com a igualdade: “Nesta gestão formalizamos a alteração do nome da Anamatra para incluir as magistradas. Tenho a honra de ter presidido Anamatra, essa entidade histórica com mais de 48 anos de existência, que sempre combateu fortemente tentativas de interferências na independência judicial e sempre teve entre as suas bandeiras históricas a defesa da democracia e o combate à corrupção, ao nepotismo e a intransigente defesa da carreira da magistratura do Trabalho”.
Recordou que assumiu a presidência em um contexto político delicado, logo após os ataques de 8 de janeiro de 2023, e que, diante da crise, foi necessário reafirmar valores e buscar a superação do “profundo déficit remuneratório” que afetava a magistratura trabalhista.
Lembrou como um dos marcos da sua gestão a luta pela equiparação remuneratória entre os segmentos da magistratura e do Ministério Público. Além disso, apontou como outro foco a defesa da competência e do prestígio da Justiça do Trabalho, cuja importância foi reafirmada em campanhas institucionais e ações junto ao STF e ao Congresso. “Vivemos gravíssimo momento e é necessário refletir sobre o papel constitucional da Justiça do Trabalho”, disse, enfatizando que essa justiça especializada é essencial para a democracia e a cidadania no Brasil.
Finalizou agradecendo à diretoria, ao conselho de representantes e aos funcionários, reconhecendo o “intenso trabalho” e a “inestimável atuação” de todos ao longo do seu mandato.
O presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), ministro Aloysio Corrêa da Veiga, compôs a mesa de honra na solenidade. Relembrou sua própria trajetória associativa com carinho e a época em que presidiu a AMATRA1.
“Já fui do movimento associativo, quando presidi a Associação da minha região, quando juiz de primeiro grau, a AMATRA1, e naturalmente tenho um carinho pelo movimento associativo e celebro a Anamatra como um baluarte da própria estrutura e da defesa intransigente”, pontuou.
Em seu discurso, Aloysio prestou uma homenagem marcante aos fundadores da Anamatra, sublinhando a coragem histórica da entidade, criada durante o regime militar. Fez questão de citar nominalmente a desembargadora Anna Acker, exaltando sua resistência: “A primeira juíza que foi processada no regime militar por delito de opinião e não transigiu da sua autoridade, da sua independência naquele momento para defender as prerrogativas da magistratura”.
Com informações e foto da Anamatra.
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