Benimar Ramos se dedica a ações sociais após aposentadoria da magistratura

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Benimar Ramos se dedica a ações sociais após aposentadoria da magistratura
Desde a aposentadoria, Benimar Ramos de Medeiros Marins diversificou sua atuação, concentrando-se em iniciativas sociais, associativas e comunitárias, ampliando sua participação em projetos voltados à cidadania e aos direitos humanos. A magistrada foi diretora adjunta de Aposentados da AMATRA1 (2017/2019) e permanece vinculada à entidade, além de integrar a Anamatra. Também participa de ações como o PopRuaJud e o “Registre-se”, que buscam o resgate da cidadania de pessoas em situação de vulnerabilidade.

Após encerrar sua carreira na magistratura trabalhista em julho de 2015, Benimar Ramos intensificou sua atuação em ações de desenvolvimento comunitário voltado para crianças e jovens, com ênfase na questão ético-moral, na inserção social e na promoção da cidadania. Passou a integrar grupos que atendem pessoas em situação de rua, colaborou com o PopRuaJud e o “Registre-se”, eventos realizados pelo Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região (TRT-1) e por inúmeras outras instituições públicas e organizações da sociedade civil, ambos voltados para pessoas em situação de vulnerabilidade.

Simultaneamente, a magistrada manteve sua trajetória no movimento associativo. Coordenou por cerca de seis anos o programa Trabalho, Justiça e Cidadania (TJC), criado pela Anamatra e desenvolvido no âmbito do Estado do Rio de Janeiro pela Amatra1. Participou de diretorias de aposentados da AMATRA1 e da ANAMATRA, reforçando sua atuação institucional após a aposentadoria.

Segue como membro da Comissão da Anamatra que estuda o tema do direito à paridade entre magistradas (os) da ativa e aposentadas (os). 

A seguir, entrevista com Benimar Ramos: 

AMATRA1: Quais projetos a senhora se dedicou após a aposentadoria?

Benimar: Inicialmente, me dediquei ao programa Trabalho, Justiça e Cidadania (TJC). É um programa da Anamatra, realizado regionalmente pelas Amatras. A nossa Amatra realizava esse programa. Estive na coordenação por cerca de seis anos, de 2016 a 2021.

Nesse ínterim, também fui diretora adjunta de Aposentados da AMATRA1, durante dois anos, na primeira gestão do colega Ronaldo Callado (2017/2019). Depois fui diretora de aposentados da Anamatra, na gestão do Luiz Antônio Colussi (2021/2023).

Também fiz parte da Comissão Nacional do TJC, da Anamatra, quando eu coordenava o programa regionalmente.

Atualmente, integro a Comissão da Paridade, constituída na gestão de Luciana Conforti, que busca estudar a questão do direito à paridade entre magistradas e magistrados que estejam na ativa ou aposentados.

AMATRA1: A senhora participa de algum projeto fora do movimento associativo?

Benimar: Fora do movimento associativo, participo de uma ação comunitária espírita que, entre outras atividades, realiza trabalhos com crianças e jovens de comunidade carente na cidade de Araruama. O  trabalho envolve não só a evangelização, mas também noções de ética, moral e cidadania.

Há seis anos faço trabalho voluntário com a população de rua na minha cidade. Levamos alimentos, abordamos pessoas em situação de rua, ajudamos na medida do possível, distribuímos água e cobertores. É um trabalho essencialmente social, não necessariamente religioso.

Participei do PopRuaJud e do “Registre-se”, eventos realizados pelo Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região com outras instituições, voltados para pessoas em situação de rua.

AMATRA1: O que a motiva? A senhora já atuava em projetos assim antes da magistratura ou esse desejo surgiu após a aposentadoria?

Benimar: Sempre estive ligada a projetos desse tipo, em menor escala. Participei de atividades com crianças e jovens em comunidades carentes. Mas um dos objetivos da minha aposentadoria, além de dedicar mais tempo à família, era justamente  intensificar o trabalho voluntário. Quero usar meu tempo em prol da sociedade, especialmente dos segmentos mais necessitados.

AMATRA1: Qual conselho a senhora daria para os magistrados atualmente?

Benimar: Acho importante, na magistratura — e na vida em geral — “não colocarmos todos os ovos na mesma cesta”. Não concentrarmos todos os nossos propósitos de vida em um único projeto, como o trabalho. Muitas pessoas dizem: “Não vou me aposentar, porque só sei ser juiz”. Mas é preciso ter um leque de propostas e possibilidades: família, vida social, amigos, trabalho voluntário. Pensar no outro é necessário. Quando dedicamos nosso tempo para ajudar alguém, fazemos não só pela sociedade, mas por nós mesmos. A realização é muito gratificante.

AMATRA1: De alguma forma, a  formação em Direito influenciou a sua decisão de participar desses projetos?

Benimar: Sim, sempre gostei do Direito, especialmente do Direito do Trabalho, justamente pelo seu viés social. Além disso, fiz um mestrado em Sociologia e Direito, onde aprofundei meus estudos sobre questões sociais: exclusão, diversidade, papel das instituições.  Sou a favor de um Estado que interfira positivamente nessas questões sociais. 

Foto de capa: Benimar Ramos fala no 17º Encontro Nacional de Servidores Aposentados e Pensionistas/Arquivo pessoal.

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