O fazendeiro Norberto Mânica foi detido no interior do Rio Grande do Sul após operação da Polícia Civil, nesta quarta-feira (15). Procurado desde 2023, ele havia sido condenado pelo Tribunal Regional Federal da 6ª Região (TRF6), em Belo Horizonte, pelos homicídios de quatro funcionários do Ministério do Trabalho e Emprego ocorridos em 28 de janeiro de 2004, em uma emboscada na zona rural de Unaí. As vítimas, que investigavam denúncias de trabalho escravo em uma de suas propriedades, foram mortas a tiros.
Norberto foi localizado em uma área rural de Nova Petrópolis, próxima à divisa com Gramado. No momento da prisão, apresentou documentos falsos na tentativa de evitar a captura. Ele foi transferido para o sistema prisional e deve permanecer à disposição da Justiça para o cumprimento da pena.
O caso ficou conhecido como a “Chacina de Unaí”. Além de Norberto, seu irmão, Antério Mânica, ex-prefeito de Unaí, também foi condenado pelos crimes. Ele se entregou às autoridades em setembro de 2023 e atualmente cumpre pena em uma unidade prisional de Minas Gerais.
Os assassinatos de Erastóstenes de Almeida Gonçalves, João Batista Soares Lage, Nelson José da Silva e Ailton Pereira de Oliveira ocorreram durante uma fiscalização relacionada a trabalho análogo à escravidão em fazendas da região. A investigação revelou a participação de Norberto e Antério como mandantes do crime, motivado por denúncias de irregularidades trabalhistas.
A sentença contra os irmãos incluiu as acusações de homicídio qualificado e formação de quadrilha. O caso ganhou repercussão nacional e foi um marco na luta contra o trabalho em condições degradantes no Brasil.
A tragédia de Unaí resultou na criação do Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo, celebrado em 28 de janeiro. Instituída pela Lei 12.064/2009, a data homenageia as vítimas e busca conscientizar sobre a persistência de práticas análogas à escravidão no país, apesar do tempo transcorrido desde a Abolição da Escravatura.
A prisão de Norberto Mânica encerra mais um capítulo de um caso emblemático, que expôs os desafios enfrentados no combate a irregularidades trabalhistas no Brasil. O Brasil registrou, em 2024, a maior alta de denúncias de trabalho escravo desde 2011, com 3.959 casos, um aumento de 15% em relação a 2023, segundo o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania. Apesar disso, o número de trabalhadores resgatados caiu 60%, somando 1.273 pessoas entre janeiro e novembro.
Com informações do G1 - Foto de capa: José Cruz/Arquivo Agência Brasil.
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Fazendeiro condenado por chacina de Unaí é capturado no Rio Grande do Sul
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