O Brasil abriu 148.992 vagas com carteira assinada em maio de 2025, e mais de 65% delas foram preenchidas por jovens entre 18 e 24 anos, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego. Ao todo, 98 mil desses postos foram ocupados por jovens dessa faixa etária e outros 26.312 por aprendizes.
O juiz Eduardo Adamovich, associado da AMATRA1, avaliou que o fenômeno deve ser compreendido à luz das transformações tecnológicas e sociais em curso. Para ele, a predominância da formalização entre jovens decorre da persistência de uma lógica de subordinação, ainda presente na maioria das formas de trabalho. “O capital percebe que não contratar, que não formalizar, é pior”, afirmou, ao comentar que a formalização ainda representa a principal via de proteção possível diante das fragilidades do mercado.
O magistrado destacou que a disputa entre contratos formais e alternativas como pejotização e informalidade pode ser reduzida a uma escolha entre liberdade e regulação. Segundo ele, essa narrativa ignora a assimetria estrutural nas relações de trabalho e transfere aos jovens uma falsa autonomia. “Esse discurso, com todo respeito, é falso na sua lógica. A formalização ou informalização não é o problema. O problema é o grau de proteção que se oferece”, pontuou.
De acordo com os dados oficiais, cinco grandes setores da economia registraram saldo positivo de empregos em maio. O setor de serviços liderou com 70.139 novas vagas, seguido pela indústria (21.569), comércio (23.258), agropecuária (17.348) e construção (16.678). O salário médio de admissão caiu para R$ 2.248,71, enquanto o de demissão recuou para R$ 2.330,43. Ainda segundo dados do Caged, o resultado de maio ficou abaixo das expectativas do mercado, que projetava abertura líquida de até 190 mil postos.
Adamovich argumentou que, embora o crescimento da formalização seja relevante, a discussão mais ampla deve girar em torno da criação de mecanismos de proteção eficazes, independentemente do tipo de vínculo. Ele mencionou que, em segmentos com alto poder de barganha, como o de executivos, a pejotização não é sinônimo de precarização porque há vantagens compensatórias.
No acumulado do ano até maio, o país registrou saldo positivo de 1.051.244 vagas formais. As cinco regiões apresentaram resultados positivos, com destaque para o Sudeste (74.536 novas vagas em maio), seguido por Nordeste (45.888), Norte (10.836), Centro-Oeste (10.504) e Sul (7.117). O trabalho intermitente e outras formas não típicas de contratação responderam por 42.637 novos postos no mês, somando 246.709 no ano.
Para Adamovich, a atuação da Justiça do Trabalho será decisiva na medida em que conseguir desconstruir a retórica da flexibilidade desvinculada de proteção. Ele exemplificou com a terceirização, cuja legalidade foi ampliada pelo Supremo Tribunal Federal, mas a aceitação plena ainda dependeria de uma proteção mais robusta ao trabalhador. “Se houvesse um grau de proteção nesse nível, a discussão da terceirização teria se esvaziado há muito tempo”, afirmou.
Com informações do Valor Econômico - Foto de capa: Fernando Frazão/Agência Brasil.
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