MPT-RJ e IPPES lançam programa de prevenção de suicídio para policiais

O número de suicídios de policiais civis e militares no Rio de Janeiro aumentou 150% entre 2019 e 2021, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Para promover a saúde mental entre esses profissionais, o Ministério Público do Trabalho do Estado do Rio de Janeiro (MTP-RJ) e o Instituto de Pesquisa, Prevenção e Estudos em Suicídio (IPPES) lançaram o Programa Segurança QPrevine na terça-feira passada (28), no 1º Encontro sobre Saúde Mental e Autocuidado na Segurança Pública, na Cidade da Polícia.

Participaram do evento o vice-procurador-chefe do Ministério Público do MPT-RJ, Fabio Villela; o secretário de Estado da Polícia Civil, Fernando Albuquerque; a secretária de Estado de Administração Penitenciária, Maria Rosa Nebel, e o diretor geral do Departamento Geral de Ações Socioeducativas, Vitor Poubel, entre outras autoridades.

Fabio Villela lembrou ser comum o policial não se enxergar como trabalhador. “São trabalhadores que se deparam com situações de risco e mazelas, de forma cotidiana, e merecem um olhar cuidadoso dos órgãos, do Estado e da sociedade”, declarou. 

Segundo Villela, o papel do MPT no programa não é de controle externo ou fiscalização, mas de apoio. “Estamos juntos com nossos parceiros promovendo uma união, uma rede ampla, integrada e articulada, para que todos nós possamos ajudar.”

O Segurança QPrevine é uma das etapas de um projeto maior, desenvolvido com instituições de segurança pública do estado do Rio e de outros parceiros, como a PUC-Rio e o Hospital São Francisco de Assis na Providência de Deus. 

“Este programa é uma conquista coletiva, a oportunidade de construirmos juntos uma nova linguagem na segurança pública: uma cultura de cuidado e respeito a esse profissional que arrisca a vida em nome da sociedade”, explicou a presidente do IPPES, Dayse Miranda, socióloga e doutora em Ciência Política.

Segurança QPrevine

O programa atua em três eixos: pesquisa e diagnóstico; construção de boletins baseados em levantamento de dados (com notificação de suicídios, tentativas de suicídio e homicídios seguidos de suicídios); treinamento, formação e apoio psicoterapêutico aos profissionais.

“É como realizar um sonho ver instituições de segurança pública integradas e participando efetivamente do segmento que envolve a saúde mental e a qualidade de vida dos agentes de segurança pública. É uma oportunidade para sensibilizarmos e habilitarmos o ambiente organizacional a receber as ações do Segurança QPrevine, que tem compromisso com a prevenção do adoecimento mental e com o autocuidado”, disse a coordenadora-geral do Segurança QPrevine, Meire Cristine.

“Trabalho deve ser fonte de satisfação”

Para a procuradora do Trabalho Cynthia Lopes, o evento foi a “concretização do que o MPT-RJ, o IPPES, as corporações, o Hospital São Francisco na Providência de Deus e a PUC-Rio desejam, que é a garantia da saúde mental dos profissionais que amam suas profissões. O trabalho deve ser fonte de satisfação, realização e não de adoecimento”. 

Após esse marco na articulação entre os órgãos, segundo a também procuradora do MPT Samira Shaat, “agora é tocar o projeto. O principal foi a integração, todos no mesmo ambiente falando deste assunto tão importante”. 

Foto: o vice-procurador-chefe do MPT-RJ, Fabio Villela, fala no 1º Encontro sobre Saúde Mental e Autocuidado na Segurança Pública, na Cidade da Polícia

Foto interna: Representantes do IPPES com as procuradoras do MPT-RJ Cynthia Lopes (de preto) e Samira Shaat