2º Encontro de Diversidade da Anamatra debate inclusão e combate à discriminação no trabalho

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2º Encontro de Diversidade da Anamatra debate inclusão e combate à discriminação no trabalho
2º Encontro de Diversidade/Anamatra

Evento em Brasília discutiu estigmas enfrentados pela população LGBTQIAPN+ e lançou obra coletiva sobre direitos trabalhistas

A Anamatra realizou, nesta quinta-feira (25), o 2º Encontro de Diversidade, em sua sede em Brasília. Com o tema “Por uma Justiça, diversa, inclusiva e sustentável”, o evento reuniu magistrados, pesquisadores e representantes da sociedade civil para debater preconceitos e desafios enfrentados pela população LGBTQIAPN+ no mundo do trabalho. A presidenta da AMATRA, Daniela Muller, participou da programação.

A abertura contou com a presença de dirigentes da Anamatra e destacou a importância da Comissão LGBTQIAPN+ como espaço de visibilidade e representatividade no Poder Judiciário trabalhista. O presidente da entidade, Valter Pugliesi, ressaltou que a iniciativa reafirma o compromisso da associação com a diversidade e o combate à violência e à discriminação. Pugliesi observou ainda que, embora conquistas da comunidade LGBTQIAPN+ tenham sido reconhecidas majoritariamente pelo Judiciário, persistem privações cotidianas, especialmente no mercado de trabalho.

Na palestra de abertura, a promotora de Justiça de São Paulo Claudia Mac Dowell discutiu a “LGBTfobia Institucional” a partir de sua trajetória pessoal e profissional. Ela relatou momentos de discriminação, incluindo ataque sofrido durante um júri em 2019. Também chamou atenção para o privilégio de ser cisgênero, enfatizando no entanto sua vivência como mulher lésbica, e apontou a necessidade de se enfrentar a homofobia e o machismo enraizados na sociedade brasileira.

Segundo Mac Dowell, “a violência contra a população LGBTQIAPN+ não é algo episódico, mas faz parte da estrutura social e se manifesta desde a violência verbal até o homicídio e o suicídio”.

Mediador da palestra, o juiz Ronaldo Callado destacou a urgência de se sensibilizar a sociedade e pontuou que não há mais espaço para relativizar práticas de violência e preconceito.

“Precisamos avançar para além da compreensão. Chegou a hora de as pessoas acordarem para esta realidade. Eventos como este permitem que possamos visibilizar a sociedade e fortalecer o debate sobre diversidade e inclusão”, afirmou Ronaldo, diretor de Comunicação Social da associação e ex-presidente da AMATRA1. 

Além do juiz Ronaldo Callado e da presidenta Daniela Muller, estiveram presentes os juízes André Villela, Paulo Rogério dos Santos, José Dantas e Bárbara Ferrito, assim como a desembargadora Márcia Leal, todos associados da AMATRA1. 

Os debates foram seguidos de oficinas temáticas que trataram de questões como discriminação direta e indireta, saúde ocupacional, espaços coletivos inclusivos e ações afirmativas. Magistrados, pesquisadores e representantes de entidades participaram e ofereceram propostas para ampliar políticas inclusivas no ambiente laboral.

A programação incluiu o lançamento da obra coletiva “Direitos dos Trabalhadores LGBTQIAPN+: da vulnerabilidade ao trabalho decente”, organizada por Guilherme Guimarães Feliciano, André Machado Cavalcanti e Thiago William Pereira Barcelos, com publicação pela Editora Mizuno. A coletânea reúne 29 artigos e aborda temas como exclusão estrutural, assédio, plataformização do trabalho, empreendedorismo trans e compliance antidiscriminatório. O livro é resultado do eixo de pesquisa “Trabalhadores LGBTQIAPN+”, vinculado ao Núcleo de Pesquisa e Extensão “O Trabalho Além do Direito do Trabalho” da USP.

O evento também abriu espaço para manifestações culturais, como a apresentação do coletivo Distrito Drag, e se encerrou com a reafirmação da Anamatra em seguir promovendo ações de enfrentamento à discriminação.

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