Presente à abertura da exposição, nesta quinta-feira (28), a presidenta Daniela Muller discursou sobre a relevância da Justiça do Trabalho na concretização dos direitos sociais e sobre seu papel histórico e atual na proteção da dignidade dos trabalhadores, especialmente no contexto do Rio de Janeiro.
“Nós, enquanto sociedade, não podemos aceitar que uma pessoa trabalhe sem acesso à água potável, que não tenha condições minimamente dignas para repousar depois de tantas horas de trabalho e que não tenha alimentação. Queremos o mínimo de dignidade das pessoas que constroem a nossa verdadeira riqueza”, declarou a presidenta, que destacou a arte como ferramenta poderosa para sensibilizar e alcançar um público mais amplo.
Deputada Marina dos Santos e juíza Daniela MullerA exposição, aberta à visitação até 12 de dezembro, é continuidade da mostra realizada no TRT-1 (Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região), onde, anteriormente intitulada “Trabalho Escravo: Olhares”, esteve em exibição. Agora com o novo nome, a apresentação se propõe a ampliar a discussão.
A deputada estadual Marina dos Santos (PT), conhecida como Marina do MST, explicou a motivação de a Alerj exibir a exposição e lembrou que Campos dos Goytacazes (cidade no Norte Fluminense) ocupa o quinto lugar no ranking nacional de trabalho escravo, segundo o Ministério do Trabalho.
“É muito importante fomentar o debate no Brasil, sobretudo aqui no Estado do Rio de Janeiro. Principalmente agora que está sendo debatido a questão da jornada 6x1”, disse.
A deputada é autora da Lei 10.575/24, aprovada este mês, voltada ao acolhimento de vítimas de trabalho análogo à escravidão, com assistência de saúde, social e previdenciária.
As obras expostas são compostas por pinturas realizadas em técnicas como bico de pena e acrílica, além das fotografias que retratam a dureza da vida dos trabalhadores, em especial em carvoarias e fazendas. As imagens e ilustrações propiciam a leitura sensível da realidade de exploração, com gestos de resistência e resiliência diante da opressão.
Ilustração explicada pelo padre Ricardo RezendeO padre Ricardo Rezende, doutor em Ciências Humanas pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), tem uma longa trajetória de militância em defesa dos direitos humanos, com destaque para o enfrentamento ao trabalho escravo.
João Ripper, fotógrafo autodidata, também é reconhecido pelo trabalho documental voltado a questões sociais, com especial ênfase em temas relacionados ao campo.
A nova exposição propõe não apenas uma reflexão sobre o tema, mas também um convite à ação. Através da arte, ela provoca uma análise mais profunda da realidade de milhares de pessoas que ainda vivem sob essas condições no Brasil.
A mostra integra o circuito de visitação do Palácio Tiradentes.
Foto de capa: Abertura da exposição no Salão Nobre da Alerj.
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