Para Adriana, o trabalho doméstico é uma das formas mais perversas de trabalho infantil e se destaca pela complexidade de mapeamento. "A casa é um espaço intramuros, ou seja, é preciso denúncias para identificar essas práticas. Isso significa que precisamos fazer a nossa parte e conscientizar a sociedade", afirmou.
No Brasil, o trabalho doméstico consta na lista das piores formas de trabalho infantil devido aos possíveis riscos ocupacionais e de saúde trazidos às crianças. A relação foi estabelecida pelo decreto 6481 e se baseia na Convenção 182 da OIT (Organização Internacional do Trabalho).
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Segundo Maria Izabel, uma importante via de combate é a conscientização das famílias. "Precisamos romper com a cultura de que o trabalho infantil é dignificante. Isso só é desconstruído se conversamos com as famílias e mostrarmos os riscos da atividade à saúde e à educação", disse.
Adriana também lembrou que o tráfico é uma expressiva fonte de aliciamento. "Muitas crianças de comunidades são obrigadas a entrar para o tráfico. Quando entram, são seduzidas pela quantia de dinheiro que ganham em pouco tempo e não conseguiriam em um programa de aprendizagem", afirmou, acrescentando que a milícia também tem empregado mão de obra infantil.
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Segundo o desembargador José Luiz Campos Xavier, o trabalho infantil é uma cicatriz na história do país, porque remete à escravidão no Brasil colonial. Ele acredita que são muitos os desafios no combate à prática. "Como fazemos uma Agenda 2030 para corrigir um erro histórico de 500 anos?", questionou.
Para a vice-presidente da AMATRA1, a Justiça do Trabalho pode ampliar seu potencial no combate à exploração infantil se estimular a aprendizagem como política pública de inclusão. “Devemos incentivar as empresas a acolher jovens aprendizes, que poderão se transformar em empregados efetivos”, afirmou.