Notícias

Novas relações de trabalho são desafio no combate ao assédio moral no trabalho, afirmam debatedores

Novas relações de trabalho são desafio no combate ao assédio moral no trabalho, afirmam debatedores


O painel "Assédio moral no ambiente de trabalho: consequências na saúde do trabalhador" debateu, na sexta-feira (3), os desafios para promoção do bem-estar do trabalhador diante das novas relações de trabalho e das mudanças na legislação trabalhistas, no auditório do TRT-1 (Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região). A mesa foi presidida por Clarissa Costa, da CJT (Comissão da Justiça do Trabalho) da OAB-RJ (Ordem dos Advogados do Brasil, do Rio de Janeiro).

Um dos debatedores foi o sociólogo Giuseppe Cocco. Ele destacou que o mercado de trabalho se modificou nas últimas décadas. Para o sociólogo, é preciso que entidades que atuam na defesa dos direitos do trabalhadores consigam se adaptar a uma nova realidade para combater abusos e assédios.

Leia também: 'Colômbia e México mostram que não é um bom caminho', diz presidente da Anamatra, sobre Reforma

“Nosso desafio é que consigamos ter uma nova geração de direitos que abarque quem está fora da relação formal de emprego ou vamos perder esta batalha inclusive dentro da relação formal de trabalho. O debate sobre assédio precisa reconhecer que hoje o que é mobilizado é a subjetividade. O pessoal do telemarketing, por exemplo, apanha da hierarquia e dos consumidores. Eles ficam no meio de dinâmicas hiper-conflituosa no qual eles são objeto de assédio dos dois lados e que são a própria relação de serviço.”



Já a juíza do trabalho Claudia Pisco destacou que as novas relações de trabalho tornaram o assédio moral mais comum e extrapolando o ambiente da empresa. A magistrada lembrou que novas tecnologias, como redes sociais, ampliam a possibilidade de assédio moral, mas, por outro lado, também facilitam a obtenção de provas, uma vez que as mensagens muitas vezes ficam armazenadas nos smartphones.

Outra integrante da mesa, a procuradora do trabalho e coordenadora da Coordenadoria Nacional de Promoção de Igualdade de Oportunidades e Eliminação da Discriminação no Trabalho, Valdirene de Assis, afirmou que a partir das mudanças na legislação trabalhista os processos por assédio moral diminuíram, mas que o problema persiste. Segundo a procuradora, o MPT (Ministério Público do Trabalho) precisa adotar novas estratégias para lidar a situação.

“Precisamos avançar de forma consistente na defesa dos direitos individuais homogêneos, porque é uma possibilidade de enfrentamento deste pacote denominado reforma e contribuir para a tutela dos direitos dos trabalhadores porque esta redução no volume de reclamações trabalhistas não guarda relação com a redução de demanda. A demanda existe. Ela só não se apresenta porque há agora um impeditivo.”

Outra estratégia para combater o assédio moral no trabalho, de acordo com Valdirene, é atuar preventivamente. A procuradora diz que o MPT deve se aproximar e ampliar o diálogo com os movimentos sociais para compreender a reais demandas e poder trabalhar de forma mais útil e eficaz.

“Às vezes, ficamos nas nossas fronteiras jurídicas pensando em como melhor atuar, e este diálogo nos dá clareza de forma mais rápida e tranquila. Por isso, há uma mudança no modus agendis (modo de agir) para que a gente entenda bem quais demandas precisamos priorizar e como fazer essa atuação com maior repercussão social”, completou.