11 de setembro de 2019 . 18:01
Desigualdade social no Brasil é abordada em documentário da Folha de S.Paulo
A série “Desigualdade Global”, lançada pela Folha de S.Paulo e publicada no canal TV Folha, no YouTube, exibiu, em seu último episódio, as desigualdades sociais no Brasil. As cenas foram gravadas nas cidades do Rio de Janeiro, Brasília, Fortaleza e São Paulo e contam com a participação de moradores e de especialistas que explicam os contrastes sociais no país.
A produção mostrou, segundo dados do Relatório da Desigualdade Global, da Escola de Economia de Paris, que o Brasil é o país democrático que mais concentra renda no 1% do topo da pirâmide e, em contrapartida, a maior parte da população sofre com o crescimento da pobreza.
“O Brasil vinha em processo de crescimento inclusivo até 2014. Daí para frente, vivemos ‘o outro lado da moeda’: a renda caiu e a desigualdade aumentou. A pobreza aumentou bastante no Brasil. Tinha caído 75% de 1990 até 2014, e subiu 40% nesse período de crise”, afirmou Marcelo Neri, diretor do FGV Social, da Fundação Getúlio Vargas.
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Um dos entrevistados foi Wallace Guimarães, morador do morro do Vidigal, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Ex-funcionário de produções cinematográficas, conseguiu juntar R$ 12 mil e abriu uma barbearia.
“A gente via o pessoal saindo da classe D e indo para a C e pensava: ‘Uma hora sou eu, e da classe C eu vou para a classe B’. A tendência era melhorar”, disse ele sobre o período anterior à crise. No entanto, Wallace precisou se desfazer da barbearia por não ter como sustentar os custos.
Durante a entrevista, um forte tiroteio no Vidigal interrompeu a gravação e, junto à equipe, Wallace precisou se abaixar dentro de sua casa para se proteger. Para Neri, o aumento da violência é um reflexo da desigualdade.
“O aumento da desigualdade tende a piorar o crescimento econômico por vários canais. Um deles é o aumento da violência que, de certa forma, desestrutura as atividades produtivas”, afirmou.
A situação alarmante da parte inferior da pirâmide de renda também é descrita por Valmir dos Santos, líder comunitário na comunidade Sol Nascente, no Distrito Federal. “Hoje, temos uma faixa de 50% da população daqui em situação de desemprego, subemprego ou trabalho informal. Aqui, as pessoas dão graças a Deus quando conseguem algo para comer”, contou.
O documentário destaca também o aspecto que o pesquisador do Relatório da Desigual Global Marc Morgan chama de “achatamento” da classe média brasileira. “Ficou espremida entre uma grande parcela da população na base da pirâmide onde a renda estava crescendo, cerca de 60% da população. E o grupo no topo, o 1% ou até mesmo 0,1%. Esse grupo do meio teve um crescimento muito baixo, até mesmo zero ou negativo. Foi um recuo considerável em tão pouco tempo e isso gerou muito pessimismo sobre o crescimento brasileiro”, disse.
Confira o episódio completo:
*Foto: Reprodução/Folha de S.Paulo. < VOLTAR
A produção mostrou, segundo dados do Relatório da Desigualdade Global, da Escola de Economia de Paris, que o Brasil é o país democrático que mais concentra renda no 1% do topo da pirâmide e, em contrapartida, a maior parte da população sofre com o crescimento da pobreza.
“O Brasil vinha em processo de crescimento inclusivo até 2014. Daí para frente, vivemos ‘o outro lado da moeda’: a renda caiu e a desigualdade aumentou. A pobreza aumentou bastante no Brasil. Tinha caído 75% de 1990 até 2014, e subiu 40% nesse período de crise”, afirmou Marcelo Neri, diretor do FGV Social, da Fundação Getúlio Vargas.
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Um dos entrevistados foi Wallace Guimarães, morador do morro do Vidigal, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Ex-funcionário de produções cinematográficas, conseguiu juntar R$ 12 mil e abriu uma barbearia.
“A gente via o pessoal saindo da classe D e indo para a C e pensava: ‘Uma hora sou eu, e da classe C eu vou para a classe B’. A tendência era melhorar”, disse ele sobre o período anterior à crise. No entanto, Wallace precisou se desfazer da barbearia por não ter como sustentar os custos.
Durante a entrevista, um forte tiroteio no Vidigal interrompeu a gravação e, junto à equipe, Wallace precisou se abaixar dentro de sua casa para se proteger. Para Neri, o aumento da violência é um reflexo da desigualdade.
“O aumento da desigualdade tende a piorar o crescimento econômico por vários canais. Um deles é o aumento da violência que, de certa forma, desestrutura as atividades produtivas”, afirmou.
A situação alarmante da parte inferior da pirâmide de renda também é descrita por Valmir dos Santos, líder comunitário na comunidade Sol Nascente, no Distrito Federal. “Hoje, temos uma faixa de 50% da população daqui em situação de desemprego, subemprego ou trabalho informal. Aqui, as pessoas dão graças a Deus quando conseguem algo para comer”, contou.
O documentário destaca também o aspecto que o pesquisador do Relatório da Desigual Global Marc Morgan chama de “achatamento” da classe média brasileira. “Ficou espremida entre uma grande parcela da população na base da pirâmide onde a renda estava crescendo, cerca de 60% da população. E o grupo no topo, o 1% ou até mesmo 0,1%. Esse grupo do meio teve um crescimento muito baixo, até mesmo zero ou negativo. Foi um recuo considerável em tão pouco tempo e isso gerou muito pessimismo sobre o crescimento brasileiro”, disse.
Confira o episódio completo:
*Foto: Reprodução/Folha de S.Paulo. < VOLTAR
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