Roda de conversa promovida pelo Subcomitê de Equidade do TRT-RJ reuniu pesquisadores, magistrados e servidores da Justiça do Trabalho
O Subcomitê de Equidade de Raça, Gênero e Diversidade do TRT-RJ promoveu, nesta segunda-feira (6), a “Roda de conversa sobre trabalho análogo à escravidão, tráfico de pessoas transgêneres e escravidão contemporânea”, que reuniu magistrados, servidores e pesquisadores para discutir as novas formas de exploração humana. Ao lado da escritora Anita Machado e do sociólogo Murilo Peixoto, a presidenta da AMATRA1, Daniela Muller, analisou as transformações históricas do trabalho forçado e destacou que a migração é um direito humano.
“A migração é um direito humano, e a legislação deve garantir que pessoas não sejam criminalizadas por se deslocarem. No contexto do trabalho, é essencial reconhecer que ainda existem formas de exploração contemporânea que afetam trabalhadores vulneráveis, inclusive aqueles em situações análogas à escravidão”, afirmou Daniela, que também é gestora nacional do Programa de Enfrentamento ao Trabalho Escravo, Tráfico de Pessoas e Proteção ao Imigrante do TST.
A coordenadora do Subcomitê de Equidade, desembargadora Márcia Leal, explicou que o objetivo do encontro foi “furar bolhas” e ampliar o olhar institucional sobre temas que permanecem à margem de discussões jurídicas e sociais, buscando integrar raça, gênero e diversidade em um mesmo eixo de reflexão.
Murilo Peixoto da Mota, pesquisador da UFRJ, apresentou resultados de sua pesquisa sobre pessoas trans em situação de exploração sexual, que aborda a invisibilidade social e econômica dos corpos transgêneros.
Já a advogada e escritora Anita Machado, diretora executiva do Instituto Da Cor ao Caso, fez uma apresentação sobre a escritora maranhense Maria Firmina dos Reis (1822–1917), considerada a primeira romancista negra do Brasil, cuja obra antecipou debates sobre abolição e protagonismo feminino.
Estante Preta no TRT-1 compartilha literatura sobre raça, gênero e diversidade
Além da roda de conversa, o Subcomitê inaugurou o Projeto Estante Preta, no hall de entrada do prédio-sede. A iniciativa disponibiliza cerca de 60 livros de autoria de escritoras e escritores como Carolina Maria de Jesus, Chimamanda Ngozi Adichie, Elisa Lucinda e Maya Angelou, que podem ser emprestados a todos os interessados.
O objetivo da estante é democratizar o acesso à literatura que trata de questões de raça, gênero e diversidade, ampliando a visibilidade de vozes negras e promovendo conscientização sobre preconceito e segregação. Segundo a coordenadora do subcomitê, desembargadora Márcia Leal, a proposta foi idealizada pela trabalhadora terceirizada e integrante do subcomitê Silvia Marcolino, com o intuito de “ensinar a história real do Brasil e do planeta” e tornar o racismo visível como fenômeno universal.
O projeto recebe doações de livros durante todo o ano, com foco em obras sobre equidade, diversidade e literatura de autores negros, desde que estejam em bom estado.
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