Magistrado eleito para o biênio 2025–2027 projeta continuidade das pautas remuneratórias, foco nas prerrogativas e ampliação da presença da entidade entre associados
A eleição de Rafael Pazos Dias para a presidência da AMATRA1 no biênio 2025–2027, na quinta-feira (4), consolida a trajetória do magistrado construída ao longo de quase duas décadas dedicadas ao Direito do Trabalho. Formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o novo presidente da associação decidiu seguir a carreira pública ainda durante a graduação, motivado pelas questões que envolvem as relações laborais, o que o levaria a atuar nos tribunais anos depois.
Presidente Rafael Pazos e a vice-presidenta Fernanda Stipp
A determinação em ingressar na magistratura trabalhista era tanta que Rafael prestou 13 exames até ser aprovado no I Concurso Nacional Unificado da Magistratura do Trabalho. Desde 2011, no entanto, ele já era analista no TRT-1, experiência que, segundo ele, reforçou sua certeza da vocação profissional e ampliou sua compreensão da atuação institucional. Em 26 de agosto de 2019, tomou posse como juiz substituto do Regional, em vaga decorrente de permuta com o TRT-3, retornando ao tribunal, onde sua história teve início como magistrado.
A trajetória acadêmica inclui pós-graduação em Direito do Trabalho e Processo do Trabalho. Filho de mãe enfermeira e pai formado em Letras, Rafael não é o primeiro magistrado da família. Casado e pai de uma filha, construiu sua carreira com foco integral no estudo do Direito e na preparação para a magistratura. Hoje, atua na 5ª e na 46ª Varas do Trabalho do Rio de Janeiro.
Na AMATRA1, o novo presidente acumula experiências anteriores na representação associativa. Foi diretor de Prerrogativas no biênio 2021/2023 e diretor-adjunto de Prerrogativas e Direitos entre 2023/2025, período em que acompanhou debates internos sobre garantias funcionais, remuneração e a crescente incidência de fraudes nas relações de trabalho, tema recorrente na atuação institucional da entidade.
Nova diretoria da AMATRA1: Ronaldo Callado (Diretor de Prerrogativas e Direitos), Fernanda Stipp (Vice-Presidenta), Rafael Pazos (Presidente) e José Dantas (Diretor Financeiro)
Na entrevista concedida após apuração dos votos, Rafael afirmou que sua gestão dará prioridade à defesa das prerrogativas da magistratura, à política remuneratória, à valorização dos aposentados, incluindo a luta por paridade e Adicional por Tempo de Serviço, além preservação da competência constitucional da Justiça do Trabalho para analisar fraudes, como as decorrentes da pejotização. Também destacou que pretende ampliar a participação dos associados por meio de assembleias, canais permanentes de diálogo e fortalecimento da atuação coletiva.
A seguir, a entrevista com presidente Rafael Pazos, eleito para o biênio 2023-2025
AMATRA1: Qual o seu sentimento ao assumir a presidência da AMATRA1?
Rafael Pazos: Olha, é uma emoção muito grande. Eu lembro que, quando eu entrei como servidor aqui na Justiça do Trabalho, no TRT da 1ª Região, eu ouvia falar da AMATRA, ouvia os juízes com quem eu trabalhava falando muito da associação. Lembro que eu dizia assim: “Deve ser muito legal você ser juiz e participar de uma associação tão importante, você criar esse vínculo associativo, lutar pelas melhorias da categoria”. Aquilo ficou muito marcado na minha cabeça.
Foi uma surpresa muito agradável quando a diretoria deliberou que apoiaria o meu nome para candidato a presidente da chapa. Fiquei extremamente lisonjeado e honrado.
E estar aqui na presidência é uma responsabilidade muito grande. Mas tudo dentro do que o cargo exige, é uma responsabilidade compatível com o cargo.
AMATRA1: Quais serão as prioridades imediatas da sua gestão à frente da AMATRA1 no biênio 2025/2027?
Rafael Pazos: Temos muitas frentes, mas o que posso garantir, principalmente no que tange às prerrogativas e aos aposentados, é que as nossas lutas continuarão para defender as prerrogativas dos juízes, garantir que nossa categoria seja respeitada, tanto internamente quanto externamente. Dentro da política remuneratória, continuar agregando e lutando para que os nossos direitos sejam observados tanto pela administração do tribunal como em âmbito nacional. Assim também como pelos aposentados: garantir que eles tenham remuneração digna, garantir a luta pela paridade, que é uma luta extremamente justa para os aposentados.
A luta pelo ATS (Adicional por Tempo de Serviço), que vai abarcar também os aposentados. Então, a nossa pauta atual preza muito pelo lado de garantias, de direitos já assegurados, de pagamentos de direitos assegurados e defesa das nossas prerrogativas.
Em médio e longo prazo, também temos as propostas para o campo social, para a diretoria de esportes, cultural. Pretendemos dar continuidade ao EMAT e planejar um encontro agora maior, fazer eventos sociais ligados à área cultural e esportivos ligados à área sociocultural.
AMATRA1: De que forma a nova diretoria planeja avançar na valorização da magistratura, especialmente diante dos debates atuais sobre a competência da Justiça do Trabalho?
Rafael Pazos: A AMATRA1 vai continuar defendendo intransigentemente a competência da Justiça do Trabalho para analisar qualquer tipo de fraude nas relações de trabalho. Isso aí é uma posição nossa, porque ela defende a Justiça do Trabalho enquanto instituição. E não vamos, em nenhum momento, retroceder nas nossas defesas, nas nossas prerrogativas e na nossa competência.
O texto constitucional, no artigo 114, inciso I, da Constituição é muito claro nesse sentido de que compete à Justiça do Trabalho a análise dessas controvérsias. Isso vai ser uma postura nossa: defender não apenas a nossa competência, mas que a Justiça do Trabalho e o Direito do Trabalho como um todo sejam defendidos nos casos de pejotização e nos casos de fraude.
Sabemos que a pejotização hoje está cada vez mais adotada pelos empregadores. Mas cada juiz tem que ter a competência para analisar, dentro de cada caso concreto, onde há fraude e onde não há fraude. E a justiça competente para analisar é a Justiça do Trabalho. A AMATRA1 não vai abrir mão em nenhum centímetro, não vai retroceder em nenhum momento nessa defesa.
AMATRA1: Quais iniciativas a AMATRA1 pretende desenvolver para ampliar a participação dos associados e aproximá-los ainda mais da entidade?
Rafael Pazos: Uma das minhas bandeiras de campanha é realmente trazer mais o associado para perto da AMATRA1. Ouvi-los, fazer uma gestão cada vez mais participativa e democrática. Os associados poderão, a qualquer momento, entrar em contato com membros da diretoria para fazer críticas, sugestões e opinar. Queremos um diálogo franco, aberto, para fazer uma construção cada vez mais coletiva e democrática.
Vamos incrementar cada vez mais as assembleias para que os associados possam vir e ter voz. A gestão agora da Daniela encerrou com uma vitória muito significativa, que foi a possibilidade das assembleias virtuais, que democratiza e favorece a participação de mais associados. Nós vamos dar seguimento a essas assembleias virtuais para que cada vez mais colegas possam ter acesso e direito a voz.
Também queremos que o associado tenha esse canal direto com a diretoria, para que possa fazer valer as suas ideias, opiniões e sugestões. Independentemente da participação da diretoria ou não, o associado também pode interferir e nos ajudar a construir uma AMATRA1 cada vez melhor.
AMATRA1: Como sua gestão pretende lidar com temas sensíveis, como direitos humanos, saúde institucional da magistratura e posicionamento diante de questões sociais?
Rafael Pazos: A AMATRA1 tem uma visão institucional de defesa dos direitos sociais, do Estado Democrático de Direito, e isso está no nosso estatuto, no artigo 2º. Então, é um dever meu continuar dando seguimento à defesa dessas bandeiras.
A AMATRA1 não vai se furtar em continuar defendendo os direitos sociais, o Direito do Trabalho, a Justiça do Trabalho e o Estado Democrático de Direito. Então, além dessa defesa institucional, a minha ideia é fazer eventos estruturais ligados aos direitos humanos. Nós temos uma diretoria muito boa relacionada à parte cultural e de direitos humanos. A nossa ideia é realmente continuar fazendo eventos ligados a essa temática.
E dentro da nossa atribuição, a AMATRA1 com certeza continuará na defesa intransigente dessas bandeiras, porque é uma política nossa. Historicamente, isso sempre foi muito caro. E associação vai continuar dando seguimento a essas pautas.
AMATRA1: Que mensagem o senhor gostaria de transmitir a todos que aguardam sua gestão?
Rafael Pazos: O que eu posso garantir é que, nesse biênio, não faltará luta. Nossa diretoria está muito animada, muito empolgada e muito empenhada para fazer um trabalho maravilhoso. Estou muito animado e empolgado para esse desafio enorme.
Sei da minha responsabilidade, tenho ciência daquilo que me espera nesse biênio. Sei que, pelo fato de ser um juiz substituto, a pressão será grande, assim como as cobranças, mas nada diferente do que uma presidência de uma associação como a AMATRA1 tem que fazer. Então, o que posso garantir para o associado é que a luta será contínua. Vamos continuar na defesa das nossas bandeiras históricas, nisso não vamos retroceder nenhum espaço. Vamos continuar cada vez mais lutando por mais garantias, por mais direitos e para assegurar a nossa competência.
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