22 de abril de 2024 . 14:49

Indígenas só ocupam 0,1% das vagas de chefia nas grandes empresas brasileiras

O Dia dos Povos Indígenas foi celebrado na sexta-feira (19), mas não há muito a ser comemorado, notadamente na área do trabalho. Os trabalhadores indígenas representam 1% dos empregados nas maiores empresas do Brasil, mas só ocupam 0,1% das posições de liderança, conforme dados do Instituto Ethos.

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) de 2022 constatou que, apesar de esforços para inclusão, como programas de trainee afirmativos, a maioria dos indígenas ainda trabalha no setor informal, enfrentando altas taxas de desemprego e ocupações clandestinas, sem a proteção da legislação brasileira.

Segundo dados da PNAD concluída pelo IBGE no terceiro trimestre de 2022, a taxa de participação no mercado de trabalho entre os indígenas foi de 59,7%, enquanto a taxa de desemprego ficou em 9,9%. As taxas para brancos e amarelos foram de 63,2% de participação e 6,8% de desemprego. Para pretos e pardos, de 62,3% e 10,2%. 

A taxa de informalidade entre os indígenas foi de 48,5%, superior às taxas de 44,5% para pretos e pardos e 33,3% para brancos e amarelos. A baixa escolaridade também é fator preocupante, visto que 59,6% dos indígenas desempregados possuem até o ensino fundamental completo, enquanto apenas 6,3% completaram o ensino superior.

Mais de 86% dos povos originários em todo o mundo trabalham na economia informal, conforme revelado pelo relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Na América Latina e no Caribe, especificamente, 85% da população indígena não têm vínculo empregatício formalizado. A pandemia da Covid-19 afetou mais de 476 milhões de pessoas indígenas em todo o mundo, evidenciando a desigualdade. Na região latino-americana e caribenha, 55 milhões foram economicamente impactados.

Episódios recentes, como o de indígenas baleados na Bahia por fazendeiros autointitulados "Invasão Zero", demonstram a vulnerabilidade dessas comunidades. O Ministério Público Federal e as Defensorias Públicas da União e da Bahia apontam que uma milícia formada por policiais militares estaria envolvida nos assassinatos de indígenas. Mesmo assim, o governo da Bahia recusou o apoio da Força Nacional pedido por líderes indígenas.

Ações afirmativas, como programas de diversidade e igualdade racial implementados por empresas como a Ambiental MS Pantanal, buscam criar novas oportunidades de emprego para os indígenas. Parcerias com órgãos governamentais também visam ampliar o acesso ao mercado de trabalho para essa população.

No entanto, a persistência de episódios de violência e discriminação ressaltam a urgência em enfrentar os obstáculos para garantir a inclusão plena dos povos indígenas no mercado de trabalho brasileiro. O Dia Nacional dos Povos Indígenas serve como lembrete das lutas contínuas pela equidade e respeito aos direitos dessas comunidades.

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil.

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