Magistrada da 72ª Vara do Trabalho apresenta projeto para aprimorar avaliação de doenças mentais no ambiente laboral, na sexta-feira (15)
A juíza Camila Leal Lima, titular da 72ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro, recém-filiada à AMATRA1, participa nesta sexta-feira (15) do Rio Innovation Week, no Pier Mauá. Ao lado do professor Sergio Luis Schmidt, da UniRio, ela apresentará, no palco Kobra, a palestra “Neurociência, Direito e Ética: Inovações na Compreensão das Doenças Mentais no Trabalho”, com uma proposta de pesquisa inédita que integra evidências científicas ao processo trabalhista para aprimorar a avaliação de casos de transtornos como burnout, depressão e ansiedade.
O encontro integra a programação da RIW Legal Conference e busca aproximar a Justiça do Trabalho de inovações já disponíveis na medicina, como mapeamentos de atividades cerebrais, para dar mais precisão técnica e segurança jurídica na análise do nexo causal entre doenças mentais e o ambiente laboral.
Mestre em Direito pela Ambra University (EUA) e formada no programa “Theory and Tools of the Harvard Negotiation Project da Harvard University”, Camila Leal afirmou que a iniciativa surgiu da percepção de que a prova técnica é um dos principais desafios nos processos envolvendo adoecimento mental no trabalho.
“Me considero uma mente inquieta. Busco sempre melhorar a forma como trabalho — entendendo mais sobre o comportamento das pessoas e cultivando um olhar sensível para os conflitos que são inerentes à natureza humana. Essa inquietação me levou a observar e refletir sobre meios de aprimorar a prestação jurisdicional. Percebi que há um grande potencial na aproximação do Direito com evidências científicas já disponíveis, mas pouco utilizadas no processo trabalhista”, disse.
A pesquisa, desenvolvida em parceria com Schmidt, coordenador do Programa de Mestrado e Doutorado em Neurologia da UniRio, será apresentada pela primeira vez no evento. O método prevê dois momentos: verificar, por meio de exames neurológicos, se há compatibilidade entre as atividades cerebrais e a narrativa apresentada, e, confirmada a existência da doença, avaliar o nexo causal com base em provas adicionais e no contexto do caso concreto.
A magistrada enfatizou que o uso dessas tecnologias exige cuidados éticos rigorosos, como garantir que as pessoas concordem de forma voluntária e plenamente informada, proteger dados sensíveis e prevenir usos discriminatórios.
“O objetivo é exclusivamente científico e de aprimoramento da prestação jurisdicional”, destacou, frisando que não haverá ganho financeiro e que projetos-piloto poderão ser conduzidos gratuitamente por médicos vinculados a estudos acadêmicos.
O projeto também contempla a capacitação de magistrados e operadores do Direito sobre as possibilidades e limites científicos das ferramentas, bem como a criação de protocolos para assegurar a aplicação responsável. Camila espera que a palestra reforce a viabilidade de um diálogo interdisciplinar.
“Espero que os participantes saiam da palestra com a certeza de que é possível unir ciência, medicina e Direito para criar soluções mais humanas, justas e precisas. Quero inspirar a abertura ao diálogo interdisciplinar e mostrar que inovação não significa abrir mão da segurança e da ética, mas sim fortalecê-las. Se cada um de nós levar para a prática diária a disposição de ouvir, aprender e construir pontes entre saberes diferentes, estaremos mais próximos de uma Justiça que cuida de pessoas e não apenas de processos”, concluiu.
A edição 2025, que acontece de 12 a 15 de agosto no Pier Mauá, reúne debates sobre inteligência artificial, biotecnologia, futuro do trabalho e uma ampla agenda cultural. Mais informações e ingressos no site oficial do Rio Innovation Week.
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