Cerimônia no Fórum do Lavradio homenageia a primeira advogada negra do Brasil que passa a dar nome a prédio
O TRT-R1 realizou, nesta sexta-feira (25), a cerimônia para inaugurar o busto de Esperança Garcia, mulher escravizada reconhecida como a primeira advogada negra do Brasil. Na ocasião, também foi oficializada a mudança de nome do prédio que reúne as varas do Trabalho da capital fluminense, na Rua do Lavradio, que deixou de se chamar Marquês do Lavradio para adotar o nome da homenageada. A solenidade, que marcou o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha e o Dia Nacional de Tereza de Benguela, contou com a presença da presidenta da AMATRA1, juíza Daniela Muller, e de autoridades como o ministro do TST Cláudio Mascarenhas Brandão.
Durante o evento, a coordenadora do Subcomitê Regional de Equidade de Raça, Gênero e Diversidade do TRT-1, desembargadora Márcia Regina Leal Campos, associada da AMATRA1, afirmou que a escolha da data não foi aleatória e destacou o caráter de reparação histórica do gesto. Segundo ela, a renomeação do edifício e a instalação do busto de Esperança Garcia concretizam um compromisso institucional com o combate ao racismo e com a valorização do protagonismo de mulheres negras, historicamente invisibilizadas.
Em sua fala, Márcia Campos relembrou o conteúdo da carta escrita por Esperança Garcia em 6 de setembro de 1770, na qual denunciava agressões físicas, pedia para voltar a viver com o marido e solicitava o direito de batizar a filha. “Estamos, neste momento, concretizando uma reparação histórica ao rebatizar este prédio, que antes levava o nome de Marquês do Lavradio, como Esperança Garcia. Esta é uma data de resistência, memória e reafirmação do protagonismo das mulheres negras, tantas vezes apagadas da história. Com esse gesto, reafirmamos nosso compromisso com a luta antirracista, essencial para uma sociedade verdadeiramente justa”, declarou a desembargadora.
Marcia Leal discursa na inauguração do busto de Esperança Garcia
O ministro do Tribunal Superior do Trabalho Cláudio Mascarenhas Brandão, natural do Piauí, ressaltou a importância da origem nordestina da homenageada e elogiou a iniciativa como símbolo de reconhecimento de direitos e memórias apagadas. Também esteve presente na cerimônia a desembargadora aposentada Ivone Caetano, primeira mulher negra a ocupar o cargo no Estado do Rio de Janeiro.
Magistrados da AMATRA1 entregam certificado a expositores
A programação contou ainda com apresentações musicais do Hino Nacional e da canção “Canto das Três Raças”, interpretadas por servidores do Tribunal. No mesmo local, também foi realizada a 5ª Feira de Afroempreendedorismo, com 32 expositores de moda, literatura, artesanato e biojoias. O evento foi promovido pelo Subcomitê de Equidade, em parceria com a AMATRA1.
A escultura de cerca de 35 quilos de Esperança Garcia, feita em mármore sintético com acabamento em pátina bronze, foi instalada no hall de entrada do fórum. A carta que ela escreveu em 1770 ao governador da Capitania do Piauí, considerada uma petição jurídica, também foi reproduzida acompanhada de uma placa afixada no local.
Foto de capa: Da esquerda para a direita: Adriana Pinheiro, Bárbara Ferrito, Daniela Muller, Ronaldo Callado, Carolina Trevizani e Guilherme Cerqueira.
Leia mais: Ejud1 promove debate sobre novas orientações para recursos trabalhistas
Maioria das vagas formais criadas em maio foi ocupada por jovens
Fabiano Luzes e Luciano Moraes tomam posse como juízes titulares do TRT-1